Bolton: militares na fronteira são assunto de "segurança nacional"

Publicado em 02/11/2018 - 09:04 Por Ivonne Malaver, da Agência EFE - Miami

O conselheiro de Segurança Nacional da Casa Branca, John Bolton, justificou nessa quinta-feira (1º) a mobilização de 15 mil militares na fronteira com o México ao afirmar, em entrevista à Agência EFE, que os imigrantes que chegam em caravanas devem encarar o assunto com "seriedade".

Antes de um discurso em Miami sobre a política dos Estados Unidos (EUA) para a América Latina, no qual anunciou sanções a Cuba e à Venezuela, Bolton disse que é "inaceitável" entrar no país em caravanas, como as que se aproximam com milhares de imigrantes, a maioria de Honduras.

"Acho que há muitas oportunidades [de negociar com os países centro-americanos], mas as pessoas têm que levar a sério. Simplesmente, essa não é uma forma aceitável de entrar nos Estados Unidos", disse, ao avaliar que a ameaça, por meio da fronteira, "é problema de segurança nacional".

"Não é simplesmente imigração ilegal, é tráfico de pessoas, tráfico de drogas, são potenciais terroristas entrando, assim como armas de destruição em massa, é uma questão de soberania. Portanto, há muitos assuntos muito importantes em jogo", destacou.

Para Bolton, trata-se de um problema que o governo de Donald Trump herdou e tenta resolver com a parte mexicana, com a qual teve "bons tratos".

O conselheiro declarou que a caravana é, em "muitos aspectos, organizada pela oposição em Honduras e por outros que estão tentando politizá-la".

"A caravana é uma boa evidência de que as pessoas do outro lado da fronteira estão politizadas", afirmou.

Segundo Bolton, a decisão sobre a mobilização de militares é algo de longa data. Ele recordou que fazia parte do governo do presidente Ronald Reagan (1981-1989) quando foi aprovada a reforma migratória de 1986, que abriu as portas para a cidadania a milhões de imigrantes ilegais.

"A suposição era de que solucionaria o problema. Foi feito grande esforço e estamos aqui hoje. Isso me lembra, em muitos aspectos, a mesma situação que encaramos no governo Reagan. Então, isso é algo que o presidente herdou", disse.

Sobre as relações com Cuba, Bolton informou que nos próximos dois meses será "revista cuidadosamente" a lei que permite apresentar processos nos EUA por expropriações do regime de Fidel e Raul Castro a cidadãos americanos.

Esses processos e possíveis sanções a outros países que têm negócios com o regime gerariam, segundo especialistas, um enredo e uma série de processos internacionais.

Bolton explicou que serão levados em conta todos os aspectos sobre o título III da Lei Helms-Burton (de 1996, que endureceu o embargo econômico, comercial e financeiro contra Cuba) e que "seria recomendável analisar esse problema com um olhar fresco e revisá-lo seriamente", mas não deu "garantias" de que a política vá mudar.

Hondurenhos cruzam a fronteira com o México, a partir da cidade de Tecún Umán, na Guatemala. Eles seguem rumo aos Estados Unidos
Hondurenhos cruzam a fronteira com o México e seguem rumo aos Estados Unidos - EFE/Esteban Biba/Direitos Reservados

Por outro lado, afirmou que "todo o hemisfério ocidental" enfrenta problema com Cuba, a Venezuela e Nicarágua e que as sanções dos EUA a essa "troika da tirania" não são unilaterais.

"Acredito que seja importante para o povo americano compreender que enfrentamos um problema com esses países que nos afetam, e afetam todo o hemisfério", observou.

Bolton declarou que o governo americano quer falar com todos os parceiros do hemisfério, ao ressaltar que as sanções anunciadas contra a Venezuela não são uma "posição unilateral dos Estados Unidos".

"Isso nós compartilhamos recentemente com os governos escolhidos democraticamente na América Central e na América do Sul", acrescentou.

O conselheiro presidencial anunciou ontem sanções aos americanos envolvidos em "transações fraudulentas" com ouro venezuelano e também a ampliação de medidas contra quem comercialize com empresas cubanas vinculadas ao Exército do país.

De acordo com Bolton, o novo governo da Colômbia, presidido por Iván Duque, e a eleição de Jair Bolsonaro no Brasil significam "que há muitas novas oportunidades para lidar com o regime de Nicolás Maduro".

Para o conselheiro, as democracias na região estão se dando conta de que essa "troika" representa "um mal para o resto do hemisfério". Segundo ele, Trump teve recentemente uma conversa "muito tensa" com Duque sobre a "exploração do comércio e do narcotráfico por parte do regime de Maduro" durante a Assembleia Geral da ONU, em Nova York.

Outros pontos abordados foram o êxodo de milhares de venezuelanos, que tiveram que fugir do país e se "tornaram refugiados na Colômbia e no Brasil". "O regime de Maduro é o problema em muitos, muitos aspectos", disse.

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