Equipe de sauditas limpou provas do caso Khashoggi, afirma jornal

Publicado em 05/11/2018 - 08:15 Por Agência EFE - ISTAMBUL

A polícia da Turquia examina a residência do cônsul saudita em Istambul, por causa da investigação sobre o caso do desaparecimento do jornalista saudita Jamal Khashoggi, ocorrido no último dia 2.
Polícia da Turquia examina residência do cônsul saudita em Istambul - Kemal Aslan/Reuter/Direitos reservados

Uma equipe de 11 cidadãos sauditas, entre eles um químico e toxicologista, limpou os rastros e eventuais provas do assassinato do jornalista saudita Jamal Khashoggi antes que as autoridades turcas pudessem investigar o caso, informou nesta segunda-feira (5) o jornal governista turco Sabah.

Os 11 sauditas chegaram ao aeroporto de Istambul no dia 11 de outubro e se hospedaram em um hotel perto do consulado saudita, onde o repórter desapareceu no dia 2 do mesmo mês.

O jornal revela a identidade de dois desses cidadãos sauditas, o químico Abdullah Al Janabi e o especialista em toxicologia Khaled Yahya Al Zahrani.

Segundo o "Sabah", os suspeitos visitaram diariamente as dependências do consulado e a residência do cônsul, entre 11 e 17 de outubro, para desaparecer com as provas do caso.

As autoridades turcas conseguiram acessar os recintos diplomáticos em 17 de outubro, pois não obtiveram permissão de Riad para revistar os edifícios requeridos, de acordo com a Convenção de Viena sobre Relações Diplomáticas.

A Promotoria turca declarou recentemente que Khashoggi, de 59 anos, foi estrangulado e posteriormente esquartejado no consulado de seu país em Istambul, quando compareceu a esse escritório para obter documentos necessários ao casamento com sua noiva turca.

O jornalista era esperado no consulado por um comando de 15 agentes sauditas, que tinham viajado para Istambul poucas horas antes e retornaram a Riad na mesma noite.

O político turco Yasin Aktay afirmou na sexta-feira (2) ao jornal Hürriyet que os assassinos esquartejaram o corpo para poder "dissolvê-lo" em uma substância química e se desfazer mais facilmente, um ponto que ainda não foi confirmado oficialmente pela Promotoria.

O presidente turco, Recep Tayip Erdogan, afirmou que seu governo tem a certeza de que a ordem de matar o repórter dissidente "veio dos mais altos níveis" do poder de Riad.

Em coluna publicada na sexta-feira (2) no jornal americano The Washington Post, Erdogan insistiu que o reino ainda deve responder muitas perguntas sobre o que aconteceu com Khashoggi.

"Sabemos que a ordem de matar veio dos níveis mais altos do governo saudita", escreveu o presidente turco.

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