Macron pede união à Europa e destaca responsabilidade franco-alemã

O presidente da França, Emmanuel Macron, pediu neste domingo (18), em discurso no parlamento da Alemanha, no Dia do Luto Nacional, que a Europa se una para enfrentar os desafios globais e destacou a responsabilidade franco-alemã para dotar a União Europeia (UE) de maior soberania.

Macron afirmou que muitas potências querem atrapalhar o desenvolvimento da Europa e colocar os países da região uns contra os outros. Para o presidente francês, é preciso que todos levem a sério a ideia de que a verdadeira força do continente está na unidade.

Os avanços, no entanto, não virão sem mudanças. Macron acredita que a UE deve aceitar que existem "ritmos diferentes" dentro do bloco e alianças específicas entre os países. Para conviver com essas divergências, é preciso, na opinião do presidente francês, criar um "espírito de transparência mútua", levando em consideração os "interesses de uma Europa unida".

Para Macron, os países-membros da UE França e Alemanha devem encontrar a coragem necessária para inaugurar um novo capítulo na história do continente.

Desafios atuais

A necessidade de ajustes, na avaliação do presidente francês, se deve ao fato de a UE não ter sido concebida para enfrentar os atuais desafios globais, como a insegurança, a mudança climática, o mundo digital, a revolução da inteligência artificial e as migrações.

No discurso, o presidente disse que algumas políticas do bloco, como a que rege as fronteiras e a defesa comum, foram deixadas de lado pelas leis europeias.

"Lidamos com esses temas como principiantes", criticou. "É nisso, no estabelecimento de uma soberania moderna, eficiente e democrática, que a nova responsabilidade franco-alemã entra em jogo", continuou.

Esta nova responsabilidade, segundo ele, é uma dívida não só com a própria Europa e com aqueles que trabalharam nos últimos 70 anos para manter a paz no continente, mas sim com todo o mundo.

"Da Europa surgem novos enfoques no multilateralismo no que diz respeito ao comércio e às políticas de segurança, de migração e de meio ambiente. A Europa e a aliança germânico-francesa têm a obrigação de não deixar que o mundo se veja condenado ao caos e de conduzi-lo para um caminho pacífico", ressaltou Macron.

Para cumprir esse objetivo, Macron acredita que a Europa deve ampliar sua soberania e não se dar por satisfeita em assumir um papel de subordinação na atual ordem política mundial.

A chanceler alemã Angela Merkel e o presidente francês Emmanuel Macron, em conferência de imprensa na Alemanha - Clemens Bilan/EFE/Direitos Reservados

Encontros

Antes do discurso no Bundestag, Macron participou com o presidente da Alemanha, Frank-Walter Steinmeier, de um evento de celebração do centenário do fim da Primeira Guerra Mundial com jovens dos dois países. No projeto, eles tiveram que propor cem ideias para a paz mundial.

Macron também esteve com a chanceler do país, Angela Merkel.