Procuradoria de Tóquio avalia acusações contra Nissan

Publicado em 21/11/2018 - 07:07 Por Agência EFE - Tóquio

A Procuradoria de Tóquio está avaliando se apresenta acusações contra a Nissan Motors por, supostamente, alterar relatórios financeiros para ocultar as supostas irregularidades fiscais que levaram à detenção do seu presidente, o franco-brasileiro Carlos Ghosn, segundo informações da imprensa local.

EPA9602. TOKIO (JAPÓN), 19/11/2018.- Foto de archivo del presidente de Nissan Motor, Carlos Ghosn, da una rueda de prensa en Tokio (Japón) el 20 de octubre de 2016. Las autoridades niponas se disponen a arrestar al presidente de Nissan Motor,
O presidente da Nissan Motors, Carlos Ghosn - EFE/ Kimimasa Mayama / Direitos reservados

Ghosn, de 64 anos, foi detido segunda-feira (19) na capital japonesa. O tribunal de Tóquio, onde tramita o processo, aceitou hoje um pedido da procuradoria para mantê-lo detido por mais dez dias, até 30 de novembro.

O executivo foi acusado de não declarar a totalidade das suas receitas ao regulador da Bolsa de Tóquio, uma violação da legislação de instrumentos financeiros do país asiático, que prevê penas de até 10 anos de prisão, uma multa de 10 milhões de ienes (US$ 88 mil) ou ambas.

A detenção ocorreu por causa de uma investigação interna da Nissan, que compartilhou a informação com a procuradoria.

Fontes ligadas ao caso indicaram ao jornal econômico Nikkei que dois diretores da Nissan que trabalhavam sob as ordenes do diretor representativo Greg Kelly, também detido pelo caso, teriam sido os executores e são os que estão cooperando com os procuradores por meio de um acordo.

A montadora não estaria incluída na delação, como se insinuou inicialmente, uma figura legal no Japão desde o último mês de junho, destinada a eximir ou reduzir as penas de quem colabora com as autoridades.

A procuradoria estaria considerando acusar a montadora pela mesma infração da legislação de instrumentos financeiros, alegando uma manipulação dos seus resultados para ocultar as quantias realmente pagas a Ghosn nos relatórios de valores corporativos.

Segundo a lei que rege esse crime, uma empresa poderia enfrentar uma multa de até 700 milhões de ienes.

Kelly, supostamente, foi quem ordenou a outros executivos que manipulassem os relatórios, segundo indicaram as fontes ao Nikkei.

Os procuradores continuam interrogando funcionários da Nissan, entre eles o CEO Hiroto Saikawa, que, aparentemente, testemunharia de forma voluntária, segundo informou a emissora pública NHK.

Ghosn está sendo acusado de não declarar 5 bilhões de ienes (US$ 44 milhões) entre junho de 2011 e o mesmo mês de 2015, segundo informações da imprensa local.

Outras irregularidades nas quais o executivo franco-brasileiro estaria envolvido seriam o uso de fundos de empresas filiadas para adquirir imóveis particulares em quatro países e o desvio às suas contas de vários milhões em bônus inicialmente destinados a outros executivos.

As demissões de Ghosn e Kelly serão votadas nesta quinta-feira (22) em reunião do Conselho de Administração de Nissan. 

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