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Internacional

Medidas de austeridade de Milei levam metade da Argentina à pobreza

Taxa atinge mais de 50% da população nos primeiros 6 meses de governo
Horacio Soria, Javier Corbalán e Lucila Sigal - Repórteres da Reuters*
Publicada em 27/09/2024 - 07:28
Buenos Aires
Mulher se afasta de fila após receber alimento de igreja que auxilia os pobres em Buenos Aires
31/05/2024 REUTERS/Agustin Marcarian
© REUTERS/Agustin Marcarian
Reuters

 Irma Casal, moradora de Buenos Aires de 53 anos, trabalha em três turnos como recicladora de lixo, mas, como muitos argentinos em um momento de aumento da pobreza, ela ainda tem dificuldades para conseguir pagar as contas.

Dados divulgados pela Argentina sobre a pobreza no país indicam que a taxa subiu para mais de 50% da população nos primeiros seis meses do mandato do presidente Javier Milei, que tem adotado medidas duras de austeridade em uma tentativa de controlar a dívida do país.

"Desde que esse governo chegou ao poder, os empregos desapareceram. Trabalhamos duas vezes mais por menos e temos que continuar", disse Casal, que tem 14 filhos e 42 netos, no subúrbio de baixa renda de Villa Fiorito, em Buenos Aires.

Os dados oficiais do período de janeiro a junho são a primeira evidência concreta do aumento da pobreza desde que Milei assumiu o governo em dezembro. A taxa oficial de pobreza foi de 41,7% no segundo semestre de 2023.

Os cortes de gastos de Milei têm sido aplaudidos pelos mercados e investidores por ajudarem a corrigir as finanças do Estado após anos de déficits, mas têm empurrado o país para profunda recessão, embora haja sinais de que a economia já possa já passado pelo pior.

O observatório da Universidade Católica da Argentina (UCA) estima que a taxa de pobreza subiu para 55,5% no primeiro trimestre do ano, antes de cair para 49,4% no segundo trimestre. Isso dá uma média de 52% para os primeiros seis meses.

Agustín Salvia, diretor do Observatório da UCA, disse que houve impacto significativo no início do ano devido às políticas de Milei, citando o fechamento de refeitórios populares e a redução dos subsídios do governo. Entretanto, recentemente, houve sinais de melhora, acrescentou.

"Se você observar a história como um todo, verá que houve uma deterioração no primeiro trimestre. Desde então, essa situação começou a amenizar", afirmou.

A Secretaria da Infância, Adolescência e Família disse à Reuters nesta semana que o governo havia ampliado dois programas de bem-estar, o Subsídio Universal para Crianças e um programa de Cartão Alimentação, que está ajudando a sustentar muitas famílias.

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