FHC critica especuladores e pede razão e sensatez

31/07/2002 - 21h41

Brasília, 31 (Agência Brasil - ABr) - O presidente Fernando Henrique Cardoso aproveitou a abertura da IV Conferência de Chefes de Estado e de Governo da Comunidade dos Países da Língua Português (CPLP) para reiterar a posição brasileira de questionar o poder dos especuladores financeiros na sociedade globalizada. Ao fazer um chamado "à razão e à sensatez", o presidente garantiu que crise nenhuma "abalará a nossa confiança nos rumos traçados".

Na avaliação do presidente, as sociedades são mais importantes que os indicadores econômicos na hora de avaliar a credibilidade de um país. "As nações valem mais que os mercados. Sem povo e sem nação não existe mercado. Todos reconhecem os elementos sólidos de uma economia como, por exemplo, a brasileira", afirmou.

Esta não foi a primeira vez que o presidente criticou o comportamento dos mercados frente a economias em desenvolvimento como o Brasil e seus parceiros sul-americanos. Ele garantiu que não será a última. "Vamos continuar a lutar contra a volatilidade dos fluxos de capital. É mais do que hora de se pensar numa nova arquitetura financeira e em uma regulamentação mais eqüitativa das trocas comerciais", disse.

Neste sentido, Fernando Henrique também afirmou que o Brasil vai continuar a combater o protecionismo praticados pelos países desenvolvidos e "toda sorte de barreiras impostas à exportação do mundo em desenvolvimento". Ele avaliou que não há razão que justifique o atraso na conclusão de acordos comerciais entre os países com a intenção de estimular o crescimento das economias.

O presidente também sugeriu em seu discurso que os países em desenvolvimento, sobretudo os membros da CPLP, aproveitem o fato de não terem que se preocupar com a defesa anti-terrorismo para reduzir a histórica desigualdade social que marca todos os países da Comunidade. "Quem sabe agora tenhamos a decisão, a calma e a coragem de enfrentar, por nossa conta, os nossos problemas", ressaltou.

Entre os pontos destacados pelo presidente como necessidades prioritárias, está o tratamento das vítimas do vírus HIV. Fernando Henrique reiterou o compromisso brasileiro de colaborar para o tratamento da Aids em solo africano. Ele lembrou a vitória brasileira na disputa pelas patentes dos remédios que integram o coquetel anti-Aids. Para ele, esta vitória reforça a idéia de que "nada nos impedirá de trabalharmos juntos para o atendimento às vítimas desta enfermidade que tantos danos têm causado, não só, mas sobretudo, à África".

Na opinião do presidente, os países da CPLP devem insistir nos projetos de cooperação a partir de medidas de infra-estrutura, sem nunca esquecer das áreas de educação e saúde pública. "Temos muito a celebrar, e bem mais a construir", resumiu. Raquel Ribeiro e