Ao receber dinheiro em paraíso fiscal, Duda Mendonça pode ter cometido três crimes

11/08/2005 - 20h50

Alessandra Bastos
Repórter da Agência Brasil

Brasília - Com base nas declarações prestadas em depoimento pelo publicitário Duda Mendonça, nesta madrugada, a Polícia Federal concluiu que há indícios de que ele tenha cometido três crimes: lavagem de dinheiro, sonegação fiscal e crime contra a ordem tributária.

Sonegação fiscal pode dar pena de detenção de seis meses a dois anos e multa de duas a cinco vezes o valor do tributo. Por lavagem de dinheiro – em que se oculta a movimentação de dinheiro –, a pena é de reclusão de três a dez anos e multa. E crime contra a ordem tributária –quando o contribuindo presta informações erradas – pode gerar detenção de seis meses a dois anos, com multa, ou reclusão de dois a cinco anos e multa.

Duda falou à polícia e à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) dos Correios que, além de receber pagamentos em dinheiro do empresário Marcos Valério, recebeu depósitos em Bahamas, país caribenho que possui leis que o transformam em paraíso fiscal.

De acordo com Duda, o empresário Marcos Valério era o responsável, por determinação do ex-tesoureiro do PT, Delúbio Soares, pelo pagamento da dívida que o PT tinha com sua agência. O publicitário afirma que foi depositado no exterior pouco mais de R$ 10 milhões, que o valor foi repassado aos poucos e chegava pelo Banco Rural Europa, Florida Bank, Banco de Israel e Trade Link.

Até o momento, o inquérito que investiga o suposto esquema de mesada pagas a parlamentares, o "mensalão", havia levantado suspeitas de que haveriam investimentos feitos no exterior, principalmente por parte da empresa Guaranhus. Para a polícia, o depoimento de Duda Mendonça é importante porque comprova as suspeitas.

Na última terça-feira (9), José Carlos Batista, sócio da empresa Guaranhus, foi indiciado pela PF por lavagem de dinheiro, crime contra sistema financeiro e sonegação fiscal. Em seu depoimento, ele se negou a responder a qualquer pergunta, alegando que só falaria em juízo.