Doleiro nega operação para PT, mas confirma propina a diretores do Banestado, diz deputado

18/10/2005 - 22h18

Juliana Cézar Nunes
Repórter da Agência Brasil

Brasília – O operador do mercado financeiro, Alberto Yussef, depôs hoje (18) durante quase cinco horas na sub-relatoria de Movimentação Financeira da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) dos Correios. Durante a sessão aberta, Yussef classificou como mentirosas declarações do doleiro Toninho da Barcelona atribuindo a ele operações ilegais junto à corretora Bônus Banval e ao Partido dos Trabalhadores.

Mas a maior parte do depoimento aconteceu em sessão reservada. Yussef disse que muitas das declarações que tinha a fazer poderiam, se divulgadas amplamente, comprometer investigações em curso da Polícia Federal e Ministério Público.

De acordo com o deputado federal Sílvio Torres (PSDB-SP), na sessão reservada, Yussef admitiu ter subornado diretores do Banestado para obter privilégios na operação com o banco. "Ele também reconheceu que realizou tentativas frustradas de subornar fiscais do Banco Central para conseguir aumentar o limite de remessa de dinheiro para o exterior do Banestado", contou Torres.

De acordo com Yussef, as operações feitas por suas empresas ocorriam diretamente com os doleiros, não sendo revelado o nome das pessoas que enviariam dinheiro para o exterior por meio do esquema.

Condenado há sete anos de prisão por sonegação fiscal e remessa ilegal de dinheiro para o exterior, o operador cumpre atualmente pena em regime aberto. O Ministério Público Federal acredita que entre 1996 e 2002, Alberto Yussef tenha movimentado cerca de US$ 2,5 bilhões.

Em uma das contas do operador, os promotores descobriram depósitos de até R$ 2 milhões pertencentes ao ex-prefeito de São Paulo, Paulo Maluf. Calcula-se que para se beneficiar de 100% da cota diária de remessa de dinheiro para o exterior do Banestado, Yussef pagava US$ 7 mil aos diretores do banco a cada 15 dias. Essa cota estaria fixada em US$ 15 milhões por dia.