Aberta em Brasília a 1ª Conferência Nacional dos Povos Indígenas

12/04/2006 - 23h06

Adriana Franzin
Da Agência Brasil

Brasília - Cerca de 800 delegados representantes de 225 etnias estarão reunidos durante sete dias na 1ª Conferência Nacional dos Povos Indígenas, aberta na noite de hoje (12), para debater os principais problemas enfrentados pelas comunidades.

Segundo Paulo Cipassé Xavante, líder indígena em Mato Grosso, o encontro promovido pela Funai (Fundação Nacional do Índio) abre espaço para que as próprias lideranças discutam em profundidade as dificuldades. "Estamos muito ansiosos, porque estamos em um momento crítico tanto na área da saúde, quanto na de educação e na da questão latifundiária. Esse é o momento de buscarmos, juntos, uma solução", afirmou.

Durante a Conferência, acrescentou, será formada uma comissão para escolher 18 membros indígenas que integrarão, juntamente com duas organizações e mais 20 representantes não-indígenas, o Conselho Indigenista. Para o líder xavante, o Conselho irá auxiliar os trabalhos da Funai e do governo: "O Conselho não quer substituir o papel da Funai e não vai resolver o problema indígena, mas tem um caráter político no sentido auxiliar".

O presidente da Funai, Mércio Pereira Gomes, informou na solenidade de abertura da Conferência que as propostas elaboradas no encontro, fruto das discussões promovidas em nove conferências preparatórias realizadas no ano passado, serão encaminhadas aos órgãos governamentais responsáveis por cada área de atuação, como educação, desenvolvimento social, saúde, entre outros. "Essa é uma Conferência global, que reúne todas as conferências específicas de educação, saúde, meio ambiente", salientou ele.

Durante a cerimônia foi lançada a Campanha Nacional de Direitos dos Jovens Indígenas. O movimento, que pretende mobilizar e pressionar a sociedade e os órgãos responsáveis, é fruto de pesquisas realizadas desde 2004 com 5.458 índios de 12 a 24 anos, de 71 etnias. Nos 51 encontros já promovidos foram discutidas questões relativas a alcoolismo, prostituição, gravidez precoce e uso de drogas, entre outras.