Governo paulista confirma que recebeu pedido de trégua do PCC mas diz não ter negociado

16/05/2006 - 19h37

Marli Moreira e Paulo Montoia
Repórteres da Agência Brasil

São Paulo - O secretário da Administração Penitenciária do estado de São Paulo, Nagashi Furukawa, disse hoje (16) que não houve negociações com as lideranças do Primeiro Comando da Capital (PCC) para o fim das rebeliões que eclodiram entre a última sexta-feira (12) e o domingo (14) no estado de São Paulo. Segundo o secretário, o governo recebeu uma proposta de trégua do PCC, através de uma representante, mas não negociou.

Em entrevista coletiva de imprensa, Furukawa afirmou que sua secretaria foi procurada pela advogada e ex-delegada Iracema Vaseiaveco. Ela não advoga para dirigentes do PCC, mas teria aceitado levar um recado dos líderes da organização.

Segundo o secretário, Vaseiaveco afirmou que a organização se propunha a encerrar as rebeliões e os ataques desde que tivessem certeza que não estava ferido o dirigente do PCC, Marco Camacho, conhecido como Marcola. Os integrantes também teriam pedido que a advogada verificasse se Marcola estava bem. Também queriam garantias de que não haveria "esculacho" (revanche) contra os detentos do PCC.

No domingo (14), de acordo com Furukawa, um avião da Polícia Militar paulista partiu da capital e voou para a prisão de segurança máxima de Presidente Bernardes, na qual Camacho está preso, em Regime Disciplinar Diferenciado. O avião levava a advogada e três testemunhas: Antonio Ruiz Lopes (corregedor da Secretaria de Administração Penitenciária), José Luiz Cavalcante, vice-diretor do Departamento de Investigações sobre Narcóticos (Denarc), além de um militar, citado pelo secretário apenas como Coronel Brandão, que representaria o governo do estado.

"As rebeliões foram encerradas sem nenhum acordo", disse o secretário Furukawa, que classificou como "irresponsáveis e levianas as afirmações veiculadas pela imprensa de que o governo havia fechado qualquer tipo de acordo". O secretário também informou que o prazo médio de duração de rebeliões como essas é de três dias, uma vez que nesse período os detentos ficam sem água ou alimentos.

Furukawa negou informação publicada em reportagem de hoje (16) do jornal O Estado de S. Paulo, que afirmava que os ataques do PCC foram encerrados por ordem de Marcola, após fazer um acordo com três representantes do governo paulista. O jornal atribui a informação a funcionários públicos que não teriam se identificado.

De acordo com o último balanço da polícia, foram registradas 115 mortes em decorrência dos ataques desde sexta-feira: 71 pessoas consideradas suspeitas, 32 policiais, oito agentes de segurança penitenciária e quatro civis.