Aquecimento global pode reduzir produção de café em 92% até o fim do século, aponta estudo

11/11/2007 - 17h41

Hugo Costa
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Se nenhuma açãofor realizada para diminuir os efeitos do aquecimento global sobre aagricultura, a produção de café no Brasil podeter queda de 92% até o ano de 2100. A informaçãoé de um estudo da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária(Embrapa) que também calcula a possibilidade de queda de R$ 370 milhõesem exportações nos próximos 13 anos. De acordo com o estudo, asplantações de café, soja e feijão sãoas mais impactadas pela elevação da temperatura. Aestimativa para a produção do café é dequeda de 30 milhões para 2,4 milhões de sacas atéo fim do século, caso não haja diminuiçãodos danos causados pelas alterações climáticas. Apesar da probabilidade dequeda na produção, o pesquisador Eduardo Assad, da Embrapa, disse acreditar que com o desenvolvimento de práticasagrícolas eficazes e ações da ciência, oquadro pode ser mais otimista. “A boa notícia é queos pesquisadores não estão de braços cruzados. OBrasil é muito competente no uso de tecnologia em agricultura.Se acharmos que está tudo bem com o atual cenário, aísim perderemos produção”, afirmou.Entre as açõesnecessárias para evitar a escassez do café, Assadincluiu a utilização de novos fertilizantes e odesenvolvimento de espécies resistentes a temperaturas maisaltas. Mesmo diante da perspectiva de diminuição dasplantações, o pesquisador descartou a possibilidade de falta de café. “Não vai faltar de jeito nenhum.Esse trabalho [pesquisa] tem a grande vantagem de se antecipar aosproblemas. Nós não estamos apagando incêndios,mas nos precavendo”, garantiu.O pesquisador da Embraparessaltou que, além dos aspectos econômicos, asplantações de café são importantes paracombater a poluição atmosférica. Segundo ele, aplanta tem a propriedade de catalisar partículas de dióxidode carbono (CO2), substância nociva ao meio ambiente. “O caféé uma planta que tem balanço positivo em termos deretenção de carbono. Ele ajuda, portanto, a limpar aatmosfera. Estamos intensificando as pesquisas para saber a proporçãodessa limpeza”, afirmou.