Indígenas e ribeirinhos discutem impacto de hidrelétricas na Bacia do Xingu

19/05/2008 - 1h37

Da Agência Brasil

Brasília - Indígenas e ribeirinhos que vivem na região da Bacia do Xingu, no Mato Grosso e Pará, se reúnem de hoje (19) a sexta-feira (23) com representantes da sociedade civil, em Altamira (PA), para discutir os projetos de aproveitamento energético previstos para a região. De acordo com o coordenador do programa Xingu do Instituto Socioambiental (ISA), André Villasboas, essa será a oportunidade de os moradores saberem quais são as "grandes ameaças" à região.O planejamento de aproveitamento energético da Bacia do Xingu envolve a construção de cinco centrais hidrelétricas na cabeceira do rio e a construção da Usina Hidrelétrica Belo Monte, no Baixo Xingu. Para Villasboas, o projeto de uso do potencial energético do Rio Xingu está sendo desenvolvido de maneira desintegrada.“Não estão considerando a análise da bacia sob a viabilidade do barramento desses rios, e, sobretudo, qual o impacto que ele pode trazer para essas comunidades”, criticou.O coordenador do ISA alertou que a construção das cinco centrais hidrelétricas trará problemas para o Parque Nacional do Xingu. “Isso traria um impacto muito grande sobre a variedade de espécies de peixes que são de uso cotidiano dessas populações.”De acordo com ele, as obras prejudicariam a piracema, época em que os peixes nadam contra a correnteza para a fazer a desova e reprodução, o que alteraria o ciclo reprodutivo e poderia  levar até a extinção de algumas espécies. “Peixe é a principal fonte de proteína das populações indígenas do parque”, destacou Villasboas.Outro problema que também será discutido no encontro é o fluxo migratório gerado pelas obras. Segundo o ISA, organizações ambientais nacionais e internacionais alertam que a região já enfrenta problemas como grilagem de terra e exploração madeireira ilegal e que os projetos de aproveitamento energético podem agravar a situação. No final do evento, os participantes entregarão um documento com recomendações a autoridades. “Não é a primeira vez que o governo faz uma obra com esse perfil e dessa natureza. Eles [os governantes] devem ter uma visão sobre esses problemas. Vamos colocá-los [os problemas] no documento e entregá-lo [a autoridades].”