Morre Jamelão, a voz da Estação Primeira de Mangueira

14/06/2008 - 15h12

Douglas Côrrea
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O Rio de Janeiro perdeuuma das vozes mais marcantes dos desfiles das escolas de samba. JoséBispo Clementino dos Santos, o Jamelão, morreu na madrugada dehoje (14), aos 95 anos, de infecção generalizada naclínica Pinheiro Machado, em Laranjeiras, Zona Sul, ondeestava internado desde a última quinta-feira (12).O velório,aberto ao público, está previsto para começar às18h, na quadra da Estação Primeira de Mangueira, escolado coração de Jamelão, onde ele era o intérpreteoficial.Pouca gente sabia queJamelão era policial civil e ficava furioso quando alguémo chamava de puxador ele logo dizia: "puxador de fumo, de saco,eu não. Eu sou é cantor, intérprete". Oartista manteve-se fiel à Mangueira por 56 anos. Outra característicamarcante de Jamelão eram os vários elásticos queele sempre trazia presos aos dedos. A princípio ele dizia aosamigos que "era para guardar dinheiro". Mais tarde, eledizia que os elásticos amarravam "quem tinha olho grandenele e era para não deixar o dinheiro sair do bolso dele".Interpretando asmúsicas românticas de Lupicinio Rodrigues,especializou-se no samba canção, chegando a gravar doisdiscos dedicados à obra do grande compositor gaúcho, osconsagrados Jamelão Interpreta Lupicinio Rodrigues(1972) e Recantando Mágoas – A Dor e Eu (1987).O puxador e compositorda Beija-Flor de Nilópolis, Neguinho da Beija-Flor é umdos poucos que seguem a escola do mestre. Nunca deixou sua escola decoração, a exemplo de Jamelão. Ao falar sobre oamigo, Neguinho diz: "Jamelão é insubstituível.Ele foi amigo do meu pai e me tinha como um filho. Me inspirei nele,quando comecei". O enterro de Jamelãoserá amanhã (15), às 11h, no cemitérioSão Francisco Xavier, no Caju, Zona Portuária dacidade. A tradicional feijoada da família mangueirense, queaconteceria hoje (14) na quadra, foi transferida para o próximosábado (21), quando a Mangueira fará um Tributo aJamelão.