Justiça Federal recebe relatório da Operação Vorax da Polícia Federal no Amazonas

17/06/2008 - 18h30

Amanda Mota
Repórter da Agência Brasil
Manaus - A Justiça Federal recebe ainda hoje (17) orelatório do inquérito da Operação Vorax, realizada pela Polícia Federal(PF) no Amazonas. De acordo com o coordenador das investigações,delegado Jocenildo Cavalcante, o relatório contém cerca de 300 páginas,incluindo informações relativas aos depoimentos dos 31 indiciados, bemcomo o conteúdo dos documentos e dos arquivos que estavam noscomputadores apreendidos pelos policiais na operação.Segundo o delegado, os últimosdetalhes acrescentados ao relatório dizem respeito ao depoimento doprefeito de Coari (AM), Adail Pinheiro, tomado ontem (16) na sede da PF, em Manaus. "Basicamente, durante seu depoimento, o prefeito Adail Pinheirorespondeu que não tinha conhecimento das irregularidades e que estátomando as providências necessárias para punir as pessoas que tenhamcometidos os crimes apontados pela Operação Vorax. Formalmente, erapreciso dar a ele essa oportunidade para se manifestar. Contudo, anossa convicção é de que ele tinha conhecimento de tudo o que estavaacontecendo e que comandava o esquema", disse Cavalcante.Adail Pinheiro é apontado pela PF como o chefe do esquemaresponsável pelo desvio de, pelo menos, R$ 49 milhões dos cofrespúblicos. Segundo o delegado, o depoimento do prefeito representa umamera formalidade que precisava ser cumprida, já que, para os policiais,não restam dúvidas sobre a participação dele no esquemade corrupção. Pinheiro foi indiciado pela PF pelos crimes de peculato,corrupção ativa, formação de quadrilha, favorecimento à prostituição,atentado violento ao pudor, sonegação fiscal e fraude em documentopúblico. Além do prefeito de Coari e dos 31 indiciados, mais nove pessoasserão citadas no relatório por terem tido, em algum momento, algum tipode relação com o esquema. A organização criminosa é acusada dedirecionar licitações, superfaturar obras e simular prestação deserviços para se apropriar de recursos repassados pelo governo federale pela Petrobras referentes à exploração de petróleo e gás em Coari. Asinvestigações da PF revelam que o município recebe até R$ 45 milhõespor ano em royalties da Petrobras. De acordo com a PF, o esquema existe desde 2001. Estima-se, ainda, que cerca de 75 empresas estejam envolvidas nas fraudes.O trabalho de escuta e interceptação telefônica realizado pela PF revelou conversas entre o prefeito e quatromagistrados do Amazonas. Há suspeitas de que os juízes tenham cometidotráfico de influência e desvio de conduta em decisões parafavorecimento da Prefeitura de Coari. "A Polícia Federal não podeinvestigar membros do Poder Judiciário, a não ser que haja umarequisição do Tribunal competente", explicou Cavalcante. O delegadodisse que os detalhes apurados sobre a possívelparticipação de membros do Judiciário, na Operação Vorax, já foramencaminhados para a Justiça Federal. "Nesse caso, o que pode ocorrer, é que isso seja enviado aCorregedoria do Tribunal de Justiça", acrescentou.A Polícia Federal também está empenhada em descobrir a origem dosvalores apreendidos pela Operação Vorax. Dos R$ 7 milhões apreendidosem uma casa em Coari, já se sabe que R$ 230 mil eramprovenientes de cheques expedidos pela prefeitura e que teriam sidosacados em uma agência bancária em Manaus e, em seguida, levados para omunicípio."Nosso sentimento diante de todo trabalho realizado é desatisfação. Nosso objetivo é produzir um conjunto de provas robusto queseja oferecido à Justiça e que subsidie o trabalho do MinistérioPúblico em seguida", concluiu Cavalcante.