Líderes dizem que possível impeachment de Gilmar Mendes não tem chance no Senado

14/07/2008 - 19h00

Marcos Chagas
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Qualquer pedido de impeachment do presidente doSupremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, que venha a ser feitopelos procuradores regionais da República, dificilmente vai prosperar noSenado, responsável pela condução das investigações e de um possíveljulgamento do presidente da Suprema Corte.Em entrevista à Agência Brasil, liderançaspartidárias e parlamentares ligados ao Ministério Público, comoDemóstenes Torres (DEM-GO), praticamente descartaram o andamento no Senado de tal proposta. “Todos os segmentos têm que ir com calma nestemomento. A discordância do Ministério Público não pode levar direto aum pedido de impeachment contra o Gilmar Mendes”, avalia o líder dogoverno no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR). Segundo ele, o presidente doSTF conta com um “conceito alto” no Senado e, em tese, dificilmentetal proposta deve prosperar. Já o líder do PSDB, Arthur Virgílio Neto (AM),qualificou a atitude do Ministério Público como “precipitada”.Acrescentou que o Senado julgar um eventual pedido de impeachmentcontra Gilmar Mendes “não é como ir a uma esquina e comprar limão”.O senador Demóstenes Torres, promotor público decarreira, taxou de “ridículo” o movimento dos procuradores. “Um pedidode impeachment significaria que ele é suspeito. O Ministério Públicoestá extrapolando. O Gilmar Mendes sempre foi uma pessoa não queridapelo Ministério Público”, afirmou o parlamentar. Para o senador de Goiás a chance de um processo comoesse prosperar na Casa “é zero”.  Segundo ele, "trata-se de uma atitude política, que sótem como objetivo constranger o ministro”, disseDemóstenes Torres.O líder do PSB no Senado, Renato Casagrande (ES), é outro que acredita que um processo como esse não vai para frente no Senado, por falta de consistência. "É um processo que merece uma consistência maior. É normal o debate sobre a atitude do ministro [Gilmar Mendes, presidente do STF], que se discorde dela, e até, se for o caso, que se busque no Congresso o aperfeiçoamento legal. Mas nesse debate específico [sobre os dois habeas corpus em favor de Daniel Dantas] o Judiciário se basta". Casagrande considera, ainda, que o Congresso "não pode avançar a partir de certo ponto, porque, ao contrário de fortalecer as instuições o processo de impeachment do presidente do STF poderia enfraquecê-las".