Para especialistas, é melhor que Alckmin se alie a Kassab no segundo turno e a Serra em 2010

05/10/2008 - 22h52

Ivy Farias
Repórter da Agência Brasil
São Paulo - Para especialistas ouvidos pela Agência Brasil, o futuro político de Geraldo Alckmin (PSDB), depois da derrota nas eleições municipais em São Paulo, dependerá das atitudes que o político adotar na campanha de Gilberto Kassab (DEM), no segundo turno. "O papel que ele irá desempenhar junto aos Democratas poderá definir o futuro dele dentro do PSDB", observou o professor de ciência política da Fundação Escola de Sociologia e Psicologia de São Paulo, Rui Tavares Maluf.Alckmin, que ganhou sua primeira eleição aos 19 anos - foi eleito vereador em 1972 pelo então MDB, quando era estudante de medicina- ,  foi  prefeito de Pindamonhangaba, sua cidade natal, aos 23 anos, em 1976.  Depois, foi eleito deputado estadual em 1982 e deputado federal em 1986, ambas as vezes pelo PMDB. Participou da fundação do PSDB em 1988 e da Assembléia Constituinte, e, dois anos depois, se elegeu como deputado federal pela sigla que ajudou a fundar. Em 1994 e 1998, Alckmin integrou a chapa de Mario Covas como candidato a vice-governador. Mas não é a primeira vez que Alckmin perde uma eleição. Em 2000, Alckmin concorreu à prefeitura da capital paulista e perdeu no primeiro turno. Após a morte de Covas, assumiu o governo do estado de São Paulo, em 2001. Em 2002, foi reeleito governador e, em 2005, o tucano comprou sua primeira briga com José Serra, ao se declarar candidato à presidência da República, cargo que perdeu no ano seguinte para o presidente Lula. Este ano, Alckmin enfrentou Serra novamente ao se lançar candidato a prefeito ao invés de apoiar Kassab. "Uma vez que se tem o princípio da reeleição, seria natural que o Kassab tentasse se manter no cargo. A mudança de estratégia de Alckmin [após pressões internas, o marqueteiro Lucas Pacheco deixou a campanha do tucano em setembro] propôs um conflito direto entre o PSDB e o DEM", destacou o cientista político.  Segundo Tavares Maluf, não é só Alckmin que sai abalado de mais esta derrota. O próprio PSDB também não passará imune à campanha de 2008. “Há um sinal de alerta. O partido deverá fazer uma revisão para entender este desgaste no lugar onde ele nasceu, cresceu e se tornou governo. Mas isso não arrebentará o PSDB, que, certamente, aprenderá com os erros", explicou.Mas, para a cientista política da Universidade Federal de São Carlos, Maria do Socorro Sousa Braga, não há como negar que a trajetória política de Alckmin dentro do PSDB está comprometida. “O grupo de Serra saiu fortalecido desta disputa", analisou. Para ela, o caminho do tucano daqui para frente será "mais complicado". "O apoio dele a Kassab será fundamental para seu futuro. Pode até ser que ele deixe o partido para seguir em uma sigla menor, mas seria o extremo", observou Maria do Socorro. "O PSDB está rachado e não é de hoje. A lição que se tira é que, juntos [Alckmin e Serra],  eles têm mais condições de vencer e que a campanha de Serra sai mais fortalecida", disse a cientista política.