Mylena Fiori
Enviada especial
Porto Alegre - A candidata petista àprefeitura de Porto Alegre, Maria do Rosário, finalmenteconseguiu o apoio esperado pela Frente Popular desde o começoda campanha: o de Manuela D`Ávila, do PCdoB. Manuela chegou àcapital gaúcha no final da manhã chuvosa deste sábado.Depois de duas horas de hesitação sobre como e quandoas adversárias no primeiro turno apareceriam juntas, as duassaíram em carreata pela cidade. Em seu primeiroencontro depois de uma tensa campanha no primeiro turno, as deputadasnão conseguiram disfarçar o constrangimento daaproximação impostas por seus partidos. Um rápidoaperto de mão e sorrisos amarelos selaram o encontro no Largoda Epatur, próximo ao centro de Porto Alegre. Maria do Rosáriodisse estar feliz com o apoio do PCdoB. Rosário preferiueconomizar palavras. “Queria dizer para a Manuela o meuagradecimento por ela estar aqui com a gente, cumprimentá-lapor toda a trajetória e que nós vamos seguir juntaspela vida e pela vida. É isso aí”, disse a candidatapetista. Em seguida, as duas viraram as costas para atender ajornalistas e eleitores. Histórico aliadodo PT, o PCdoB optou por uma candidatura própria nesta eleiçãoe acabou se aliando ao PPS, antigo partido do candidato àreeleição José Fogaça, hoje no PMDB. Deputada federal maisvotada no estado em 2006, Manuela ficou em terceiro lugar no primeiroturno na disputa pelo comando da capital gaúcha, com 15,35%dos votos válidos. Em grande parte da campanha, Manuelaaparecia à frente de Rosário nas pesquisas e a disputafoi marcada por ataques pessoais. Neste segundo turno, oPPS decidiu apoiar Fogaça e o PCdoB ficou ao lado do PT. Adecisão da direção nacional do partido foireferendada pelo PCdoB local, com Manuela mantendo-se afastada dacampanha. Os dois partidos sabiam da dificuldade da aproximação,mas a possibilidade de vitória depende, em grande parte, datransferência dos votos de Manuela para Rosário. Porisso, a presença da deputada comunista na campanha - assimcomo a do presidente Luiz Inácio Lula da Silva – eraconsiderada fundamental e foi batalhada até o final. Depois de muita pressãodos partidos, as duas subiram no mesmo carro de som poucas horasantes do encerramento da campanha eleitoral. Manuela deveriaparticipar do encerramento da carreata no bairro Rubem Berta, onde oPCdoB tem historicamente mais votos. A participação foiantecipada para o começo da tarde devido à chuva. Pouco antes, ementrevista exclusiva à Agência Brasil, Manuelaadmitiu que a aliança com o PT neste segundo turno previa seudistanciamento do processo eleitoral. “Desde o início,estabelecemos que em função de eu ter representado umaaliança ampla no primeiro turno das eleições, eunão teria uma participação televisiva ou noscomícios em respeito a isso, inclusive porque acredito que oseleitores são livres, não dependem da minha atuaçãopara escolherem”, afirmou. Questionada sobre ainusitada união do PCdoB com o PPS no primeiro turno, disseque construir alianças é justamente conciliardiferenças. “As pessoas acham que construir aliançasé juntar iguais. Iguais não precisam de alianças”,frisou. Lembrou ainda que o PCdoB e o PT também játiveram grandes diferenças, o que não inviabilizou umaaliança nacional – como exemplo, citou o ano de 1984, quandoo PCdoB foi favorável ao Colégio Eleitoral e o PTcontra. “Essa é umadiferença muito grande, maior do que uma diferençapontual sobre o orçamento participativo ou sobre a vinda deuma montadora para o Rio Grande do Sul, ela dizia respeito aos rumosda redemocratização do país, e nem por issonossas relações com o PT não são sólidase não temos um programa comum muito bem desenvolvido com opresidente Lula”, ponderou. Sobre a divisãoda esquerda na capital gaúcha, prefere não prever se éum caminho irreversível. “A política édinâmica na medida em que a conjuntura muda. E não foiuma separação da esquerda, foram candidaturasdiferentes de partidos que são diferentes”, afirmou.