Líder considera positiva retomada de discussões sobre posse da área onde morreu Dorothy

19/11/2008 - 9h55

Ivan Richard
Enviado Especial
Anapu (PA) - A retomada das discussões sobre a posse do lote 55, na zona rural nomunicípio de Anapu (PA), onde foi assassinada a missionáriaDorothy Stang, trouxe intranqüilidade às famíliasque moram na região. A afirmação é domembro do Conselho Tutelar de Anapu e ex-presidente do Sindicato dosTrabalhadores Rurais do município, Gabriel DomingosNascimento.Segundo ele, a volta dofazendeiro Regivaldo Pereira Galvão à área causou"tensão" entre os agricultores. Regivaldo, conhecidocomo Taradão, é um dos acusados de ser mandante doassassinato da religiosa. Ele chegou a ser preso por isso, mas não foia julgamento."A mudançaé muito grande. Hoje eles estão lá naquela vidade medo. O retorno de Regivaldo e dos grileiros por láaumenta muito a tensão. Não só no lote 55, comoem todo Projeto de Desenvolvimento Sustentável Esperançae no Virola Jatobá", afirmou Nascimento.Para ele, o Institutode Colonização e Reforma Agrária (Incra) precisaassumir "sua responsabilidade" e conceder os títulosdefinitivos aos agricultores. "O Incra ainda não fez oque precisa ser feito. Porque enquanto não decidir se a terraé dos agricultores ou dos fazendeiros a tensão vaicontinuar", argumentou.Nascimento considera que aJustiça também tem uma parcela de responsabilidadepelos conflitos que ocorrem na região. "Dizem que existeum consórcio [para matar] mas até agora a Justiçanão conseguiu comprovar. Já perdemos companheiros e umagrande companheira [a missionária Dorothy Stang], que foi umadas pessoas que contribuiu muito para aquelas pessoas estarem lá,e a Justiça ainda não solucionou o caso".