Surgimento de novos eventos literários é sinal de amadurecimento do mercado, diz editor

22/09/2010 - 19h16

 

Alex Rodrigues

Repórter Agência Brasil

 

Santos (SP) - Cada vez menos presente nas praias santistas, a tradicional tarrafa, uma pequena rede de pesca caiçara, foi o objeto escolhido para simbolizar os objetivos do Festival Internacional de Literatura de Santos, cuja segunda edição começa hoje (22) e segue até o próximo domingo (26).

 

"Nossa proposta não é fazer um evento acadêmico, mas sim conciliar conteúdo e diversão, promovendo o lazer cultural", afirmou à Agência Brasil o editor e livreiro José Luiz Tahan, organizador do evento. "A palavra tarrafa, além de ser sonora, remete a uma prática tradicional santista e é uma boa analogia com nossa meta de buscar conquistar mais leitores. E também representa toda a rede de relacionamentos necessários para se promover um evento como este", disse Zé Luiz, como é conhecido na cidade.

 

Há 20 anos no mercado livreiro e hoje à frente de uma livraria e da editora Realejo, que publica obras de autores santistas, Zé Luiz entende que o surgimento de novos eventos literários por todo o país e a consolidação dos eventos já tradicionais é um sinal de amadurecimento do mercado editorial. Por isso, ele evita reclamar quando lhe perguntam sobre as dificuldades de tocar uma pequena editora ou de viver da venda de livros fora das grandes capitais.

 

Nem mesmo o desafio de convencer disputados autores como Luis Fernando Veríssimo, Zuenir Ventura ou João Paulo Cuenca a descerem a Serra do Mar e irem a Santos, a 80 quilômetros da capital paulista, arranca queixas do editor.

 

"Não gosto de dizer que seja mais difícil realizar um evento como este numa cidade de médio ou de pequeno porte. Há, sim ,particularidades, mas, no nosso caso, acho Santos uma cidade como poucas, já que fica próxima a São Paulo, tem toda um história cultural e a praia permite um clima de despojamento que nos favorece, já que a proposta é fazer uma grande festa sem grande solenidade e pompa", disse Zé Luiz.

 

Com 18 autores distribuídos por nove mesas de debate e uma programação paralela planejada especialmente para as crianças e adolescentes, o evento contou com apoio da Lei de Incentivo Fiscal, do Ministério da Cultura, que autorizou a arrecadação de R$ 796 mil com a iniciativa privada. O organizador, contudo, dissse que o custo final ficou abaixo disso.

 

"Pela relevância da programação e pela proximidade de Santos com a capital, nossa intenção é de que a Tarrafa passe a fazer parte do circuito de eventos literários nacionais, ao lado da Flip [Festa Literária Internacional de Paraty (RJ)] e da Feira do Livro de Porto Alegre", afirmou Zé Luiz.

 

O evento será aberto as 19h30 de hoje, com um show do cantor e compositor baiano Tom Zé. Tanto o show quanto os debates ocorrerão no Theatro Guarany, um edifício do Centro Histórico de Santos, inaugurado em 1882 e recentemente reformado. Toda a programação do evento está disponível no site www.tarrafaliteraria.com.br e a entrada é um livro usado que os organizadores prometem doar para instituições beneficentes.

 

Edição: João Carlos Rodrigues