"Polícia devolve o território a seus verdadeiros donos", comemora Beltrame após operação no Morro da Mangueira

19/06/2011 - 16h10

Thais Leitão
Repórter da Agência Brasil

Rio de Janeiro - O secretário de Segurança Pública do Rio de Janeiro, José Mariano Beltrame, comemorou o resultado da operação que marcou a ocupação do Morro da Mangueira, na zona norte da cidade, pelas forças policiais.

Cerca de 750 policiais militares dos batalhões de Operações Policiais Especiais (Bope) e de Choque entraram na manhã de hoje (19) na comunidade sem que nenhum disparo fosse efetuado. A ação faz parte da estratégia da Secretaria de Segurança Púbica do estado de instalar na comunidade a 18ª Unidade de Polícia Pacificadora (UPP).

“Dificilmente as instituições policiais entravam numa área dessa sem haver troca de tiros. Hoje conseguimos isso. A polícia mais uma vez devolve o território a seus verdadeiros donos e mais uma vez chega para ficar, abrindo uma janela de oportunidades para que efetivamente se consolide a segurança pública”, afirmou Beltrame em entrevista coletiva após a operação.

Na ação, os agentes apreenderam 32 veículos e 300 trouxinhas de maconha. Três pessoas, entre elas dois menores, foram detidas com drogas.

Beltrame também defendeu a estratégia utilizada pelo governo do estado de anunciar antecipadamente à população as áreas que serão ocupadas pela polícia. De acordo com o secretário, dessa forma é possível evitar confrontos que coloquem em risco a vida de moradores. Beltrame também defendeu que a saída de traficantes das comunidades antes da intervenção policial enfraquece a atuação dos criminosos.

“A saída dessas pessoas [traficantes] para outros lugares os deixa vulneráveis porque seu espaço de atuação diminuiu e eles saem da área onde tinham domínio e a polícia, atenta, vai atrás. [Com isso,] a polícia passa a trabalhar sem trauma, podendo investigar, podendo fazer a prisão”, destacou.

O secretário de Segurança acrescentou que nos dois meses que antecederam a operação os agentes cumpriram 55 mandados de prisão na Mangueira. Ele garantiu que a polícia tem informações sobre os traficantes que fugiram do morro antes da ocupação e que vai agir “no momento oportuno”.

A operação de hoje contou com o apoio de fuzileiros navais e agentes da inteligência da Polícia Federal. Catorze veículos blindados, sendo seis da Marinha, foram utilizados para viabilizar a entrada dos policiais na comunidade. Os agentes também tiveram apoio de cinco helicópteros.

As equipes da PM utilizaram, pela primeira vez, equipamentos com GPS, permitindo ao comando da operação verificar o deslocamento dos policiais na comunidade. Toda a ação foi acompanhada por defensores públicos.

No fim da manhã, uma bandeira do Brasil foi hasteada na localidade conhecida como Caixa d'água, encerrando a operação. Parte do comércio, como padarias e bares, permaneceu aberta, mas os moradores evitaram falar com a imprensa.

Uma dona de casa de 67 anos que pediu para não ser identificada disse que tinha medo de represálias do tráfico, mas contou que dormiu mais tranquila na noite de ontem. Outra moradora, que também pediu para ter a identidade mantida em sigilo, disse ter esperança de “dias melhores”, mas confessou ter medo da postura dos policiais que integrarão a futura UPP.

“Já vimos muita coisa ruim acontecer aqui. Espero que eles não cheguem ‘esculachando’ os moradores”, disse.

Além da Mangueira, as comunidades Morro dos Telégrafos, Candelária e Tuiuti também foram ocupadas. Segundo o governo do estado, a 18ª UPP será responsável pelo conjunto de favelas que compreende o Complexo da Tijuca. Após a inauguração, a secretaria de segurança estima que 315 mil pessoas serão beneficiadas diretamente e mais de um milhão, indiretamente.

 

Edição: Lílian Beraldo