Imprensa italiana reage à autorização para que Battisti permaneça no Brasil

22/06/2011 - 16h57

Renata Giraldi
Repórter da Agência Brasil

Brasília – A imprensa da Itália reagiu hoje (22) à decisão do Conselho Nacional de Imigração (CNIg), ligado ao Ministério do Trabalho, de autorizar a permanência do ex-ativista italiano Cesare Battisti no Brasil. A medida ainda precisa ser analisada pelo Ministério da Justiça e pela Polícia Federal. A decisão no CNIg foi definida por 14 votos a favor, 2 contra e 1 abstenção. Três integrantes do órgão estavam ausentes.

Os órgãos oficiais do governo italiano não se manifestaram sobre a medida. Anteriormente, a Itália informou que iria recorrer à Corte de Haia para insistir na extradição de Battisti.

O jornal La Reppublica, um dos maiores do país, lembrou que a decisão ocorre duas semanas depois de a Suprema Corte brasileira rejeitar a extradição do italiano e autorizar sua imediata libertação. O La Reppublica informou ainda que o CNIg é formado por representantes de vários ministérios, entidades e sindicatos, além da Organização Internacional do Trabalho (OIT).

Na reportagem do jornal italiano, há a informação de que Battisti tem um contrato com a editora Martins Fontes para escrever livros. Advogados do ex-ativista afirmaram que ele pretende escrever um livro com sua história de vida.

A emissora estatal de televisão RAI informou sobre a decisão, mas ressaltou que Battisti foi condenado à prisão perpétua na Itália por quatro assassinatos. Na RAI, a emissora destacou que a decisão sobre a concessão do visto só ocorreu depois de três horas de debates.

Em 1988, Battisti foi condenado, à revelia, à prisão perpétua na Itália pelos assassinatos de quatro pessoas, na década de 1970. Na época, o ex-ativista integrava a organização Proletários Armados pelo Comunismo (PAC). Ele, no entanto, nega participação nos crimes. Para os italianos, ele é um criminoso comum, mas, no Brasil, é tratado como perseguido político.

Assim que foi libertado, Battisti deixou Brasília – onde estava preso na Penitenciária da Papuda há quatro anos – e está em São Paulo. Segundo os advogados, ele quer reconstruir a vida no Brasil.

Edição: Lana Cristina