Brasil é o irmão mais velho que serve de inspiração para os africanos, diz embaixadora na Etiópia

07/08/2011 - 13h07

Renata Giraldi
Repórter da Agência Brasil


Brasília – No auge da crise nos países do Norte da África, a representante do Brasil na União Africana (UA) – que reúne 53 nações – foi chamada a opinar. A embaixadora do Brasil na Etiópia, Isabel Azevedo Heyvart, disse à Agência Brasil que os africanos têm “um imenso respeito” pelo governo brasileiro e olham para o país como “modelo” de desenvolvimento econômico e social.

“O Brasil é uma espécie de irmão mais velho que serve de inspiração e modelo com o qual os países africanos se identificam”, disse a diplomata, que há um ano e meio está em Adis Adeba, capital etíope e sede da UA. Só em Adis Adeba estão 20 organizações internacionais e 95 embaixadas estrangeiras. A presença de uma representação brasileira no local tem o objetivo, segundo ela, de ampliar parcerias e áreas de cooperação.

Em março, quando a crise nos países do Norte da África agravou-se – Turquia, Egito, Líbia, Síria, Bahrein, entre outros – houve uma reunião de emergência em Adis Adeba. Na ocasião, a embaixadora reiterou que o Brasil defende a busca por uma solução negociada, sem ingerências externas, respeitando os direitos fundamentais – de expressão e imprensa.

Segundo Isabel Heyvart, as preocupações dos líderes africanos incluem, além do agravamento da chamada crise democrática, o acirramento dos confrontos internos e dos períodos de fome e seca em vários países, assim como a busca pelo desenvolvimento econômico e social.

A diplomata brasileira integra um grupo de 14 embaixadoras que foram designadas a analisar a situação das mulheres e meninas no Sudão – que viveu um longo período de confrontos até a independência do Sudão do Sul, em julho deste ano.

“O nosso olhar feminino foi fundamental porque observamos de uma outra maneira os problemas que antes eram relatados por terceiros. Em situações de conflitos armados, sempre as mulheres, as meninas e as crianças, em geral, são as principais vítimas”, disse a embaixadora. “Ouvimos cuidadosamente as mulheres e as crianças e escutamos suas demandas. Antes as experiências delas eram relatadas por terceiros.”

Paralelamente, Isabel Heyvart administra os pedidos que recebe diariamente dos setores público e privado para buscar investimentos mútuos entre países da África e o Brasil. A embaixadora lembrou que com um crescimento econômico previsto de 7,5% para este ano, a Etiópia atrai a atenção dos estrangeiros. Para ela, a economia do país está em expansão com espaço para avanços em vários setores.

Segundo Isabel Heyvart, as áreas de infraestrutura básica, agrícola e de programas sociais estão entre as prioridades dos que buscam parcerias com o Brasil. De acordo com a diplomata, a história da Etiópia é baseada na agricultura e isso tem de ser respeitado, assim como as carências devem ser supridas, uma vez que o país vive períodos de seca e fome (atualmente passa por essa fase).  

A embaixadora lembrou ainda que 75% dos assuntos discutidos atualmente na comunidade internacional estão relacionados com a África. Apesar das dificuldades econômicas e sociais presentes em praticamente todo o continente, Isabel Heyvart disse que se considera uma observadora privilegiada.

“A sociedade etíope é ciente de si. A nova geração, que assume várias funções no país, está preocupada em desenvolver a Etiópia, que é preparada e trabalha arduamente para mudar o panorama atual”, disse a diplomata. “Acho fascinante assistir este processo em pleno século 21.”
 

 

Edição: Lílian Beraldo