Países em desenvolvimento devem fortalecer regulação financeira, diz economista

24/08/2011 - 19h59

Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil

Rio de Janeiro - Para a economista Stephany Griffith-Jones, diretora de Pesquisa de Mercados Financeiros da Universidade de Columbia, nos Estados Unidos, há um consenso dos especialistas internacionais sobre a necessidade de fortalecer a regulação financeira dos países em desenvolvimento e também sobre a gestão da conta capital para enfrentar o excesso de liquidez da economia mundial.

Stephany participou de seminário sobre o tema promovido pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e pelo Departamento de Assuntos Econômicos e Sociais das Nações Unidas (Undesa), no Rio de Janeiro. Segundo ela, a experiência brasileira na regulação do mercado de derivativos foi considerada pelos participantes do encontro “extremamente interessante” e será estudada, com vistas à aplicação em outros países.

Diante do temor em relação ao efeito que o excesso de liquidez na economia mundial possa ter sobre o câmbio nos países considerados emergentes, ela apresentou a proposta de que Estados Unidos e Europa deveriam procurar regular a saída de capital e a assumir o risco de seus bancos e fundos. Ela avaliou que “isso seria bom para eles, porque a intenção é aumentar o crédito em suas economias. E seria bom para os países emergentes, que não querem todo esse dinheiro.”

A economista apontou que os países em desenvolvimento devem adotar medidas para conter a apreciação cambial, porque isso é danoso sobretudo para as exportações. É preciso elevar alguns impostos, como o Brasil está fazendo, sugeriu.

A ideia dos participantes do seminário, disse Stephany, é criar uma espécie de fórum onde os países em desenvolvimento possam trocar experiências. “É um intercâmbio entre os países, que terão a possibilidade de adotar posições comuns e se ajudar para decidir quais são as melhores políticas para manejar o fluxo de capitais e também o mercado financeiro doméstico.”

Um tema importante, destacou, é a regulação contracíclica que em momentos de euforia freia o crescimento para, nos maus momentos, poder aumentá-lo. Outro ponto de destaque é o papel positivo dos bancos públicos. Stephany disse que o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) é um exemplo importante de empréstimos contracíclicos.

Edição: João Carlos Rodrigues