África, um destino estratégico para investimentos de bancos e teles brasileiras, segundo o presidente do BNDES

16/11/2011 - 16h59

Vinicius Konchinski
Repórter da Agência Brasil

São Paulo – O Continente Africano é estratégico para o Brasil, segundo o presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Luciano Coutinho. Para ele, os investimentos brasileiros na África não devem se limitar às áreas de infraestrutura, energia e agricultura, nas quais grandes empresas do país já atuam há anos. Coutinho também vê grandes oportunidades de negócios na África para bancos e empresas de telecomunicações nacionais.

Os serviços são um setor em que o Brasil ainda tem muito a contribuir com o desenvolvimento africano, destacou o presidente do BNDES. “Nós vemos áreas novas [para investimento] que não estão tão evidentes, como a dos serviços bancários e de telecomunicação”, disse Coutinho, hoje (16), em São Paulo. De acordo com ele, empresas das áreas de saúde, educação e a indústria como um todo também podem investir e lucrar no continente.

O presidente do BNDES falou sobre o potencial de investimentos do Brasil no Continente Africano durante o Encontro Empresarial Brasil-África, na sede da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp). O encontro foi promovido pela Instituto Lula e pela Federação Brasileira de Bancos (Febraban). Nele, empresários brasileiros puderam obter mais informações sobre como investir na África.

Coutinho ressaltou o potencial econômico da África. O continente, disse ele, tem 1 bilhão de habitantes, um Produto Interno Bruto (PIB) de 1,7 trilhão de dólares e é uma das áreas do mundo que mais cresce. O Fundo Monetário Internacional (FMI), por exemplo, estima que o PIB do continente africano cresça 5,2% neste ano e 5,8% em 2012.

“Existem muitas facetas que podem ser aproveitadas”, disse Coutinho. “Essas facetas são bons negócios para as empresas brasileiras e também contribuem para o desenvolvimento da África.”

O presidente da Fiesp, Paulo Skaf, acrescentou que há espaço para que empresas de vários setores façam negócios com a África. Segundo ele, o volume de comércio entre o Brasil e o continente dobrou entre 2004 e 2010. Com esse crescimento, aumenta também a possibilidade de as companhias brasileiras se instalarem na África. “Em um primeiro momento, cresce o comércio. Em um segundo, as empresas brasileiras podem começar a investir lá.”

De acordo com Skaf, devido à crise nos países da Europa e nos Estados Unidos, a África se tornou uma opção ainda mais relevante de investimento. Para ele, basta a solução de alguns problemas para que todo o potencial de negócios seja concretizado.

O diretor do Departamento de Relações Internacionais e Comércio Exterior da Fiesp, Roberto Giannetti da Fonseca, assinalou que a logística é um dos problemas que precisa ser revolvido para permitir a ampliação dos investimentos brasileiros. A Fiesp, completou, se comprometeu a negociar com o governo brasileiro a criação de rotas navais e aéreas que liguem o Brasil e a África diretamente para reduzir os custos de transporte.

Outros problema, ressaltou Giannetti, é o crédito. Ele disse que é preciso encontrar mecanismos para que os governos de países africanos, muitos já endividados, possam garantir o pagamento de empréstimos concedidos por bancos brasileiros para obras de infraestrutura no continente. “Angola, por exemplo, já tem uma conta direta para pagamento de dívidas com o petróleo.”

Edição: João Carlos Rodrigues