Sérgio Britto abandonou a medicina para se dedicar ao teatro

17/12/2011 - 12h56

Flávia Villela
Repórter da Agência Brasil

Rio de Janeiro - O dramaturgo Sérgio Pedro Corrêa de Britto abandonou o 6º ano do curso de medicina, em 1945, aos 22 anos, para dedicar-se exclusivamente ao teatro amador. Não chegou a buscar o diploma, mas costumava dizer que a experiência da época em que praticou a medicina, em hospitais e emergências, serviu de laboratório para a carreira de ator.

Em 1965, dirigiu a primeira novela da TV Globo, Ilusões Perdidas, e a Muralha, de Ivany Ribeiro, em 1968, além de atuar em dezenas de outros folhetins televisivos. Mas o teatro foi sua grande paixão e onde seu talento e genialidade afloraram. Dirigiu ou atuou em mais de 100 peças.

Britto foi um dos fundadores do Teatro dos Sete, em 1959, ao lado de Fernanda Montenegro, Ítalo Rossi e Gianni Ratto, grupo que lançou obras consagradas e polêmicas como O Mambembe, de Artur Azevedo, e O Beijo no Asfalto, de Nelson Rodrigues.

Em 1978, construiu o Teatro dos Quatro, na Gávea, zona sul do Rio, cuja primeira peça foi Os Veranistas de Górki, dirigida por ele, com cenário de Hélio Eichbauer e atuação de Ítalo Rossi, Luís de Lima, Renata Sorrah, entre outros consagrados artistas da época. Lá, montou e apresentou dezenas de peças antes de vendê-lo em 2007. Hoje, o local continua sendo um dos maiores centros de produção teatral do país.

O dramaturgo chegou a dirigir algumas óperas como a La Traviata e O Guarani e, aos 80 anos, atuou em musicais como Ai, Ai, Brasil e produziu e interpretou o monólogo Sérgio 80, em que falava de suas experiências no universo teatral brasileiro. No ano passado, o dramaturgo lançou o livro O Teatro e Eu, com um balanço de seus 65 anos de carreira.

Na TV Brasil, o ator apresentava o programa semanal Arte com Sérgio Britto, em que o artista abordava temas sobre teatro, cinema e literatura, fazia críticas sobre peças e filmes que estão em cartaz e entrevistava personalidades do meio teatral e cinematográfico brasileiro.

Aos 88 anos, Britto enfrentava problemas de saúde e, há cerca de um mês, foi internado em um hospital da zona sul do Rio, devido a complicações cardiorrespiratórias.

Considerado um dos criadores do teatro brasileiro, o crítico de arte, autor, diretor, roteirista, cinéfilo Sérgio Britto não teve filhos, mas deixou na manhã deste sábado (17) órfãos de diferentes gerações do teatro brasileiro.

O velório do corpo de Sérgio Britto ocorrerá na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro, à tarde, e o enterro será amanhã (18), no Cemitério São Francisco Xavier, às 11h.

Edição: Talita Cavalcante