Alunos de Harvard visitam favelas da zona sul do Rio e trocam experiências com comerciantes locais

16/01/2012 - 17h54

Flávia Villela
Repórter da Agência Brasil

Rio de Janeiro – Cerca de 30 alunos da Harvard Business School, nos Estados Unidos, uma das instituições de ensino mais renomadas do mundo, visitaram hoje (16) os morros do Chapéu Mangueira e da Babilônia, no Leme, na zona sul da cidade. Os estudantes, de diferentes nacionalidades, foram conhecer experiências de negócios nessas comunidades e deram algumas dicas aos comerciantes como expandir e consolidar seus empreendimentos.

Após conhecer os trabalhos de artesanato do grupo Mulheres Guerreiras, do Morro da Babilônia, um dos alunos, o romeno Cristian Jitianu, orientou as artesãs a criarem uma marca padronizada e uma identidade visual para ela. “Os trabalhos são muito bons e têm mercado para vendê-los, pois estão muito próximos da praia e dos turistas. Elas podem aproveitar para realçarem sua marca e ganharem competitividade”, disse.

Professor do curso negócios em mercados em desenvolvimento, Aldo Musacchio explicou que a instituição promove todos os anos uma visita com esse perfil em diferentes comunidades brasileiras. A Rocinha e o Cantagalo, favelas da zona sul, já receberam mestrandos da faculdade em anos anteriores.

“A ideia é aprender com a comunidade e tentar contribuir de alguma maneira. Falam que líderes mundiais, muitos foram ex-alunos de Harvard, estão distantes da realidade. Dizem que estão em um escritório chique em Nova York e fora do contato com a realidade. Então, a ideia é trazer esses alunos para esse contato, para se depararem com as diferenças”.

O professor citou o exemplo de alguns comerciantes que não pretendem expandir seus negócios, uma resposta inusitada para a maioria do grupo. “Muitos comerciantes dizem que estão satisfeitos com o que têm e que não pretendem trabalhar mais, o que, para os alunos, é impressionante”.

Moradora do Babilônia há 65 anos, Percília Pereira elogiou a iniciativa e ofereceu aos alunos um almoço na creche que dirige na favela. “Acho que é muito importante para ambos essa troca de conhecimento e de experiência. É bom para os estudantes, para o comerciante e é bom para o morador”.

 

Edição: Aécio Amado