Mantega: ex-presidente da Casa da Moeda foi indicado pelo PTB

03/02/2012 - 15h48

Daniel Lima
Repórter da Agência Brasil

Brasília – O ministro da Fazenda, Guido Mantega, negou hoje (3) ter mantido Luiz Felipe Denucci na presidência da Casa da Moeda após tomar conhecimento de irregularidades no órgão. Mantega resolveu falar sobre o assunto para esclarecer pontos que, segundo ele, foram divulgados de forma equivocada.

Além de dizer que não sabia de problemas na Casa da Moeda, Mantega negou conhecer Denucci antes de ele assumir a direção do órgão. De acordo com o ministro, em 2008, quando houve mudança na presidência do órgão, o PTB fez indicações, mas os primeiros nomes não foram aceitos. Posteriormente, o partido apresentou o nome de Denucci, acrescentou Mantega.

Aceitei a indicação feita pelo líder do PTB [na Câmara dos Deputados], Jovair de Oliveira Arantes, na ocasião. Não conhecia essa pessoa [Luiz Felipe Denucci]. Recebi o curriculum. Ele tinha um curriculum adequado para a missão e as funções na Casa da Moeda”, lembrou o ministro.

Mantega informou também que Denucci recebeu a missão de modernizar a Casa da Moeda, com troca de maquinários e produção de cédulas que não “ficassem sujeitas a fraudes”. Segundo o ministro, quando a missão começou a ser cumprida, o partido resolveu trocar seu indicado. “O próprio Jovair Arantes manifestou desejo de trocar o indicado, porque Denucci não estaria atendendo satisfatoriamente as expectativas deles [integrantes do partido]”. Ainda de acordo com o ministro, o líder do partido, porém, foi informado de que não seria possível fazer a troca, com a modernização que vinha sendo implementada no órgão.

O ministro lembrou que, em 2010, surgiu a primeira matéria na imprensa trazendo “à tona” um problema ocorrido em 2001 com Denucci. A notícia dizia que Denucci havia trazido recursos do exterior e depositado em sua conta como se fosse um empréstimo. A Receita Federal e Polícia Federal atuaram no caso e um processo administrativo foi instaurado, mas, recentemente, segundo Mantega, a multa foi reduzida. “Isso, porém, não tinha interferência com a função que ele desempenhava e, portanto, não se justificava uma mudança por causa disso.”

Depois disso, o líder do PTB tentou mais uma vez trocar o presidente da Casa da Moeda e fez acusações que, segundo Mantega, não tinham fundamento, nem foram comprovadas. Ele disse ter recomendado ao parlamentar que fizesse uma acusação formal, que entrasse na Justiça, porque, assim, as denúncias poderiam ser investigadas. De acordo com o ministro, quando há acusação formal, é criada uma comissão de sindicância.

Posteriormente, houve nova denúncia, de possíveis irregularidades na compra de máquinas para a Casa da Moeda. A comissão de sindicância criada informou, então, que nenhum tipo de problema foi encontrado. Quanto às atuais denúncias, Mantega defendeu que sejam apresentadas formalmente. Elas têm que ser formalizadas e feitas de forma adequada. Precisam ser investigadas. Tanto que, quando houve o problema em 2001 com Denucci, foi investigado pela Polícia Federal e pela Receita Federal.”

As notícias sobre irregularidades na Casa da Moeda foram publicadas nesta semana após a demissão de Denucci. Reportagem do jornal Folha de S.Paulo, publicada terça-feira (30), diz que Denucci é suspeito de ter transferido US$ 25 milhões para duas empresas no exterior registradas em nome dele e da filha. Segundo o texto, o dinheiro veio de fornecedores da Casa da Moeda, vinculada ao Ministério da Fazenda, que, além de produzir moedas e cédulas, confecciona documentos oficiais e presta serviços a outros países.

O Ministério da Fazenda instaurou comissão de sindicância para investigar as suspeitas de irregularidade na administração do órgão. "O Ministério Público também está no caso. Quando Denucci foi admitido, tinha credibilidade, não havia nenhuma suspeita. Havia uma operação sendo investigada, e era a uma questão administrativa. Não era óbice para ele ser contratado”, concluiu Mantega.

Edição: Nádia Franco