Mercado segurador não oferece opções de proteção contra desabamento de prédios mais antigos

09/02/2012 - 17h56

Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil

Rio de Janeiro - O desmoronamento de três prédios no centro do Rio de Janeiro, há duas semanas, e o desabamento parcial de um edifício comercial em São Bernardo do Campo, na Grande São Paulo, na segunda-feira (6), podem levar o mercado de seguros a criar um novo produto, que cubra esse tipo de sinistro.

Atualmente, o chamado seguro garantia cobre riscos de engenharia, entre os quais desmoronamentos ou erros de projeto, mas apenas na fase de construção do imóvel. Mas não cobre desabamentos quando o edifício já está pronto. O construtor responde por eventuais problemas ao longo dos primeiros cinco anos da edificação. “Caberia aos moradores ou proprietários dos imóveis buscar essa cobertura”, disse o presidente do Clube dos Corretores de Seguros do Estado do Rio de Janeiro, Amílcar Vianna.

Ele lamentou que o mercado ainda não ofereça um seguro específico para desabamentos, levando-se em conta as perdas econômicas das pessoas que tinham patrimônio nesses prédios e que, de uma hora para outra, acabam perdendo tudo. O tema está sendo discutido pelos corretores e será levado às seguradoras para que incluam esse tipo de cobertura entre os produtos ofertados.

Não há impedimento legal para que isso ocorra. “Falta entendimento do segurador para ofertar esse tipo de risco, como do mercado de comprar”. Lembrou que, há muitos anos, a Superintendência de Seguros Privados (Susep) lançou cobertura ampla para seguros de condomínios, que incluíam desmoronamento. O que ocorreu é que essas coberturas elevaram o valor das apólices. “Tanto os consumidores não compraram, porque era muito caro, como os seguradores preferiram ficar nos riscos que já conheciam: incêndio, responsabilidade civil, danos elétricos, que tradicionalmente são contratados”.

Para Viana, os desabamentos no centro do Rio de Janeiro e em São Bernardo do Campo podem mostrar às empresas que há mercado para seguros contra desabamentos. E lembrou que, no século 17, o incêndio que devastou Londres foi o impulsionador desse tipo de seguro na Inglaterra.

Edição: Vinicius Doria