Embora estável em janeiro e fevereiro, inadimplência de pessoa física permanece alta

27/03/2012 - 14h49

Pedro Peduzzi
Repórter da Agência Brasil

Brasília - Apesar de apresentar média estável de 5,8% tanto em janeiro quanto em fevereiro, a inadimplência permanece em patamar alto e é, de acordo com o Banco Central (BC), um dos principais fatores responsáveis pela alta do spread bancário, que é a diferença entre a taxa Selic e os juros cobrados pelos bancos no mercado.

Números apresentados hoje (27) pelo BC mostram que a taxa de inadimplência para pessoas físicas (7,6%) é bem superior à registrada para pessoas jurídicas ( 4,1%).

“A estabilidade da inadimplência de fato veio crescendo gradualmente em 2011. Essa resistência ao declínio, apesar do crescimento da renda e do emprego, se reflete em spreads e, naturalmente, vai  repercutir nas taxas de juros”, disse o chefe do Departamento Econômico do BC, Túlio Maciel.

De acordo com o Banco Central, o spread médio apresentou variação, em pontos percentuais, de 27,8 em janeiro para 28,4 em fevereiro. Para pessoas físicas, o patamar subiu de 45,1 pontos em janeiro para 45,4 pontos em fevereiro, enquanto para pessoa jurídicas caiu de 28,7 pontos percentuais para 28,6.

Parte da inadimplência, segundo Maciel, deve-se a fatores sazonais referentes a fevereiro. “[Nesse mês] há maior concentração de pagamentos entre impostos e matrículas escolares, o que acaba se refletindo em algumas modalidades de crédito à pessoa física”, disse Maciel

Ele acrescentou que o crédito rotativo também reflete a sazonalidade do início do ano. “O crédito rotativo cai bastante em dezembro, com o pagamento do décimo terceiro salário mas, no início do ano, há um retorno sazonal nessas modalidades, e isso está associado à maior concentração de gastos e à falta de planejamento”.

Maciel explicou que, a partir de agora, a inadimplência tende a cair. “Após essa estabilidade, a perspectiva é que ocorra uma reversão a médio prazo, já que o emprego cresce de maneira robusta, com indicadores muito positivos em termos de ocupação e de rendimento real”, disse o economista. “Com isso, o segundo semestre deverá apresentar taxas de inadimplência mais baixas”.

Edição: Graça Adjuto e Nádia Franco