Unasul quer julgamento justo para Lugo e envia chanceleres para acompanhar processo político

21/06/2012 - 17h36

Carolina Gonçalves e Renata Giraldi
Enviadas Especiais

Rio de Janeiro – Os presidentes dos países da União das Nações Sul-Americanas (Unasul) decidiram enviar, na noite de hoje (21), missão de chanceleres da região ao Paraguai. O objetivo é garantir o respeito à ordem democrática, o julgamento justo e o direito de defesa no processo que pode levar ao impeachment do presidente paraguaio, Fernando Lugo. A decisão foi anunciada, há pouco, no Rio, pelo ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota.

O Ministério das Comunicações do Paraguai confirmou para hoje à noite, em Assunção, a reunião de emergência da Unasul para discutir a crise gerada pelo pedido de impeachment de Fernando Lugo, aprovado pela Câmara dos Deputados.

“Os presidentes expressaram sua convicção de que se deve preeservar a estabilidade e o pleno respeito à ordem democrática do Paraguai, observado o pleno cumprimento dos dispositivos constitucionais e assegurado o direito de defesa no devido processo”, disse Patriota, que integrará a missão de chanceleres.

Em seguida, Patriota acrescentou: “os presidentes consideram que os países da Unasul conquistaram com muito esforço a democracia e nesse sentido nós todos devemos ser defensores extremados da integridade democrática na América do Sul”.    

Os chanceleres querem acompanhar de perto o início do processo que pode levar ao impeachment de Lugo por temerem o uso político da situação e a possível falta espaço para a defesa do presidente. O início do processo de julgamento de Lugo ocorreu hoje depois que a Câmara dos Deputados do Paraguai aprovou a abertura da ação de impeachment.

O pedido de impeachment, liderado pela Partido Colorado, que faz oposição a Lugo, foi aprovado por 76 votos a favor e 1 contra. Três parlamentares estavam ausentes. A abertura do processo político foi motivada por conflitos entre agentes policiais e camponeses, no último dia 15, em uma fazenda no Nordeste do Paraguai. Dezessete pessoas morreram, entre camponeses e policiais.

A abertura do processo contra Lugo motivou uma reunião extraordinária hoje, no intervalo da sessão da Conferência das Nações  Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20. A presidenta Dilma Rousseff, todos os presidentes sul-americanos e os chanceleres da região presentes ao evento participaram da reunião. A reunião começou por volta das 14h30 e, até as 16h20, não havia terminado.

Edição: Nádia Franco