Sindicato contesta declaração de Mantega sobre criação de empregos em montadora

31/07/2012 - 17h55

Wellton Máximo
Repórter da Agência Brasil

Brasília – O Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos contestou a declaração do ministro da Fazenda, Guido Mantega, de que a montadora General Motors (GM) está com saldo positivo na geração de empregos. Em nota, a entidade informou que a fabricante de veículos mais demitiu do que contratou nos últimos 12 meses.

O sindicato citou estudo recente do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), que constatou que 1.189 postos de trabalho foram fechados entre julho de 2011 e junho de 2012, nas unidades da montadora no país. Os números foram levantados com base no Cadastro Geral de Emprego e Desemprego (Caged), do Ministério do Trabalho, que registra as demissões e contratações com carteira assinada em todo o país.

De acordo com a entidade, o número real de cortes é ainda maior. Isso porque o estudo não incluiu as 356 demissões feitas por meio de plano de demissão voluntária, nem as cerca de 2 mil demissões que a empresa ameaça fazer. O maior volume de dispensas ocorreu na fábrica de São José dos Campos (SP), onde 1.044 trabalhadores perderam o emprego em um ano. A unidade é responsável por 35% do faturamento da GM no país.

Na unidade de São Caetano do Sul (SP), 349 postos foram fechados no período. A única fábrica com saldo positivo no período foi a de Gravataí (RS), onde 204 trabalhadores foram contratados, de acordo com o estudo do Dieese.

“A declaração do ministro desconsidera não apenas os números do Caged, mas a realidade vivida pelos trabalhadores da montadora em São José dos Campos. Pior, o ministro faz estas afirmações sem o mínimo cuidado de ouvir a outra parte, o sindicato dos trabalhadores. Dessa forma, o ministro diminui a si próprio, assumindo o papel de mero porta-voz da GM”, criticou o sindicato na nota.

Mais cedo, o ministro havia dito que a General Motors está com saldo positivo na criação de empregos. Segundo Mantega, existem problemas localizados na unidade de São José dos Campos, mas não cabe ao governo interferir na organização interna da empresa. O ministro deu as declarações após reunião com o diretor de Relações Institucionais da GM, Luiz Moan, para pedir esclarecimentos sobre a ameaça de cortes de postos de trabalho pela montadora.

Após o encontro, Moan disse que o total de vagas nas fábricas da GM no país passou de 1.848 vagas no início de 2008 para 2.063 neste ano. Mantega declarou que a montadora conseguiu comprovar que o saldo de criação de empregos está positivo desde o anúncio da redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), no fim de maio. Nenhum dos dois, no entanto, informou a diferença entre contratações e demissões nos últimos 12 meses.

Procurada pela Agência Brasil, a assessoria do Ministério da Fazenda informou que a pasta não comentará o estudo do Dieese.

Edição: Lana Cristina