Advogado de Geiza Dias diz que ela era funcionária de quarto escalão

07/08/2012 - 20h07

Débora Zampier
Repórter da Agência Brasil

Brasília – O advogado Paulo Sérgio Abreu e Silva, que defende Geiza Dias no processo do mensalão no Supremo Tribunal Federal (STF), disse hoje que a cliente dele era uma “funcionária mequetrefe” e “batedeira de cheque”.

“Ela vai me derrubar, mas a Geiza era uma funcionária mequetrefe, de terceiro ou quarto escalão. Trabalhava no setor financeiro, e segundo Marcos Valério era batedeira de cheque”, explicou o advogado.

Geiza era gerente financeira da empresa de publicidade SMP&B Comunicação e é acusada de gerir internamente a arrecadação e o repasse de verbas do mensalão. Uma de suas funções, segundo descrito pelo Ministério Público, era encaminhar emails ao Banco Rural informando quem poderia sacar dinheiro e qual a quantia. Ela responde por formação de quadrilha, corrupção ativa, lavagem de dinheiro e evasão de divisas.

Abreu e Silva disse que a cliente dele não levou qualquer vantagem no esquema e que tudo o que fez foi em nome do seu emprego. Disse ainda que ela desconhecia as demais pessoas envolvidas no mensalão. “Geiza não conhece ninguém do Banco Rural, especialmente de sua diretoria, não conhece nenhum político e não conhece os que foram beneficiados pelas importâncias repassadas pela SMP&B”.

O advogado sustentou que Geiza é uma pessoa “honesta, trabalhadora e que estudou com dificuldade”, admitida na SMP&B em 1997 com um salário de R$ 1.100, deixando a empresa em 2005 com um salário de R$ 1.740. Ele disse que a ex-gerente precisou se mudar de Belo Horizonte após as denúncias do mensalão porque foi “escorraçada” pela família.

Segundo Abreu e Silva, a cliente dele poderia ter revelado mais coisas sobre o mensalão se tivesse participado do processo como testemunha, e não como ré. “Se fosse testemunha, não teria constrangimento do interrogatório e poderia dar o nome de todos os implicados. A procuradoria poderia ver se houve algum repasse além do que apresentado em lista [a lista colhida com Marcos Valério]”.

Abreu e Silva também fez ataques à participação do Ministério Público no caso. Segundo ele, a Procuradoria-Geral da República “não sabe fazer uma denúncia” e criou um “monstrengo jurídico” por não conseguir comprovar as suspeitas levantadas no início do processo.
 

Edição: Rivadavia Severo