Em tempo de crise global, aumentam exportações de Portugal para o Brasil

06/09/2012 - 9h01

Gilberto Costa
Repórter da Agência Brasil

Brasília – As exportações de Portugal para o Brasil em 2011 chegaram a 1,58 bilhões de euros, de acordo com o site do Ministério de Negócios Estrangeiros de Portugal. O governo português comemora o aumento das vendas.

“É extraordinário que Portugal consiga aumentar as exportações quando a economia está em recessão, e a maioria dos mercados importantes na Europa está em recessão ou estagnação”, disse o chanceler português Paulo Portas ao participar ontem (5) de encontro com empresários brasileiros em São Paulo.

Em 2012, as exportações portuguesas para o Brasil continuaram aumentando. Segundo Portas, houve um aumento de 9% nas vendas para o mercado brasileiro no primeiro semestre deste ano.

O aumento das exportações portuguesas para o Brasil tende a equilibrar a balança comercial, ainda favorável aos brasileiros. Em julho de 2011, o saldo comercial foi US$ 221 milhões positivos para o Brasil; em julho de 2012, foi US$ 20,4 milhões - menos de um décimo do valor anterior, segundo os dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC).

Conforme o MDIC, o principal produto importado de Portugal (em valores) entre janeiro e julho de 2012 foi a gasolina processada (US$ 33,1 bilhões em compra). Na pauta de exportação do Brasil, os principais produtos são soja triturada e petróleo (óleo bruto).

O Brasil (junto com a África e a China) tem sido visto pelos portugueses como um parceiro estratégico em momento de crise nos mercados tradicionais da Europa e dos Estados Unidos. Além de aumentar as exportações, empresários acreditam que o governo português quer que empresas brasileiras participem das privatizações de estatais (como a companhia aérea TAP), que serão vendidas para diminuir o déficit fiscal (conforme exigência de acordo com o FMI, a União Europeia e o Banco Central Europeu).

Para o presidente da Câmara de Comércio Brasil-Portugal do Distrito Federal, Fernando Brites, as empresas brasileiras e o governo deveriam olhar com mais atenção para Portugal. “O Brasil precisa botar um pé em Portugal para alcançar a Europa”, disse ele à Agência Brasil.

Brites lembrou que Portugal tem o porto na Europa mais próximo do Brasil e que quando a Ferrovia Norte-Sul estiver escoando as commodities produzidas no país (como soja e minério de ferro) pelo Maranhão (Porto de Itaqui), o Brasil poderá levar seus produtos para o Sul da Europa a preços mais competitivos do que faz pelos portos da Holanda e da Alemanha.

Apesar do interesse de alguns segmentos empresariais, a participação brasileira na economia portuguesa ainda é limitada em comparação aos países da União Europeia e à China, que este ano adquiriu uma grande empresa de energia elétrica em Portugal, vencendo disputa com o Brasil.

A proposta formulada pelo Brasil teve o apoio do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (Bndes). Segundo a assessoria do banco, nenhuma outra empresa encaminhou consulta formal para instalação de unidades em Portugal ou aquisição de empresas.

Neste 7 de Setembro, em Brasília, os governo dos dois países lançam o ano de Portugal no Brasil e
o ano do Brasil em Portugal. O objetivo é promover atividades culturais e empresariais e de  intercâmbio científico e tecnológico.

Os portugueses têm interesse de projetar Portugal no Brasil como país moderno, tecnologicamente avançado, com vasto patrimônio histórico e uma importante produção cultural. Portugal é um dos principais destinos de interesse de pesquisadores brasileiros que se candidatam a bolsas do Programa Ciência sem Fonteira.

Hoje (7), em Brasília, o chanceler brasileiro Antonio Patriota recebe o ministro português Paulo Portas.

Edição: Graça Adjuto