Laboratório britânico confirma que não houve caso de vaca louca no Brasil

07/12/2012 - 13h59

Pedro Peduzzi
Repórter da Agência Brasil

Brasília – Análises de um laboratório britânico confirmaram que são infundadas as suspeitas de que a morte de uma vaca, em 2010, no município de Sertanópolis (PR), tenha sido em decorrência da doença da vaca louca. Apesar de confirmada a presença da proteína EEB, conhecida por príon, que pode – ou não – causar a doença, o animal não ficou doente. O resultado da análise foi anunciado hoje (7) pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.

“Nós asseguramos que a vaca não morreu dessa doença. Provavelmente foi pela idade avançada em que ela se encontrava [13 anos]”, disse o diretor do Departamento de Saúde Animal do ministério, Guilherme Marques. “Tudo indica que essa proteína encontrada pelos exames foi causada por uma mutação aleatória, a exemplo do que ocorreu em diversos outros países [Estados Unidos, Canadá, Japão, Portugal e Inglaterra]”, acrescentou.

Identificada na década de 1980 na Inglaterra, a doença da vaca louca é neurodegenerativa. Ela se espalhou pelo país após o uso de ração para gado produzida a partir de bovinos que portavam a proteína. Mas, segundo os técnicos do ministério, em muitos casos a presença da proteína príon não resulta na doença, passando o caso a ser identificado como “não clássico”.

O Brasil tem a melhor classificação possível feita por entidades internacionais em relação à doença da vaca louca: “país de risco insignificante”. Como a possibilidade de ocorrências de mutação da proteína existe, nenhum país é considerado livre da doença.

“O Brasil seguiu, de imediato, todos os procedimentos preventivos, acionando o serviço oficial [autoridades de saúde animal], e no dia seguinte [ao óbito] chegamos ao local. O animal foi enterrado sem entrar na cadeia alimentar. Isso tudo mostra a importância dos procedimentos e das medidas de mitigação”, explicou Guilherme Marques.

Segundo ele, todos os protocolos internacionais foram seguidos: investigações internas [exames clínicos e epidemiológicos em campo, exames em níveis estadual e federal, no próprio país]; e envio a laboratórios internacionais, nos casos em que pairem dúvidas. Como foram obtidos resultados divergentes (positivos e negativos) relativos à presença da proteína, o Brasil encaminhou para análise do laboratório considerado o mais bem  equipado para a identificação da doença, o Animal Health and Veterinary Laboratories Agency, na Inglaterra.

O secretário de Defesa Agropecuária, Ênio Marques, disse que o país está preparado para questionar quaisquer tipos de restrição à carne brasileira. “Nosso sistema é de criação em pasto. As regras internacionais são claras. Não temos a doença e, como tal, se algum país criar alguma restrição, vamos usar os canais corretos para dar explicações e, depois, usando o acordo sobre aplicação de medidas sanitárias de Genebra, fazer as reclamações e se for o caso, levar a um painel”, disse.

“As garantias e certificações continuam as mesmas. Evidentemente pode acontecer de algum país, numa reação mais precipitada gerar algum tipo momentâneo de restrição, mas vamos dar as explicações necessárias a isso”, completou.

 

Edição Beto Coura