Deputada diz que Caje não tem como assegurar integridade física de adolescentes

15/01/2013 - 19h08

Gabriel Palma
Repórter da Agência Brasil
 

Brasília – A vice-presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados, Érika Kokay (PT-DF), e representantes de entidades de defesa dos direitos humanos visitaram hoje (15) a Unidade de Internação do Plano Piloto (UIPP), antigo Centro de Atendimento Juvenil Especializado (Caje), para investigar as circunstâncias da morte de um adolescente de 17 anos em uma das celas no último domingo (13). “Nós não podemos naturalizar a morte”, disse a deputada, antes de entrar na instituição.

Érika Kokay disse que o grupo fará um relatório e, depois disso, discutirá políticas de prevenção, proteção, educação e cultura e medidas socioeducativas com os organismos do Estado e da sociedade civil que têm atuação na defesa dos direitos das crianças e dos adolescentes. Para a deputada, além de tomar medidas de prevenção, o governo tem de construir outras unidades para “desafogar uma instituição falida” como o antigo Caje.

A desativação da UIPP vem sendo discutida desde setembro do ano passado, quando três jovens foram mortos na instituição. O motivo do crime teria sido a superlotação da unidade, que tem capacidade para 160 adolescentes, mas abrigava cerca de 350.

Ao sair, a deputada disse que os agentes que trabalham na instituição não conseguiram ouvir nada na hora do crime porque ele ocorreu na última cela. “O Caje não tem como assegurar a integridade física dos adolescentes. Na unidade em que ele estava, não existe acústica. Quando chove, não se escuta nada. [O Caje] é uma instituição completamente falida”, repetiu Érika Kokay.

Segundo a delegada da Criança e do Adolescente, Mônica Ferreira, os três colegas de cela do adolescente morto foram encaminhados para a delegacia por volta da meia-noite de domingo. “Dois deles confessaram o assassinato, cometido por volta das 21h, e foram autuados em flagrante por homicídio qualificado [na Delegacia da Criança e do Adolescente] em função de motivo fútil e da impossibilidade de defesa da vítima.”

De acordo com a delegada, os dois disseram que mataram o colega de cela porque ele ofendeu a mãe de um deles durante a refeição. "Mais tarde, eles pediam que ele saísse da cela. Como ele não saiu, resolveram matá-lo, o que é um motivo bastante fútil", ressaltou a delegada. Um lençol foi usado para enforcar o jovem. "E, como depois disso, ele ainda apresentava sinais vitais, colocaram a cabeça dele no vaso sanitário”, acrescentou Mônica.

Edição: Nádia Franco
 

Todo o conteúdo deste site está publicado sob a Licença Creative Commons Atribuição 3.0 Brasil. Para reproduzir as matérias é necessário apenas dar crédito à Agência Brasil