Carnaval de Barranquilla é o evento mais lucrativo da Colômbia

12/02/2013 - 12h01

Leandra Felipe
Correspondente da EBC

Bogotá - O carnaval de Barranquilla (capital do departamento do Atlântico, região do Caribe colombiano) é a festa mais importante do país em termos econômicos. Só no ano passado, a festa arrecadou mais de US$ 22,5 bilhões.

O carnaval da cidade, reconhecido como Patrimônio Oral e Imaterial da Humanidade pela Unesco, atrai turistas de vários países que se divertem ao som da cumbia, o ritmo colombiano mais conhecido no mundo.

Diversão para visitantes e trabalho para a cidade, que tem quase 1,5 milhão de habitantes. Durante o carnaval, são gerados mais de 20 mil empregos diretos e indiretos, segundo estimativa da coordenação do evento.

Só nos desfiles e shows, mais 22 mil pessoas trabalham diretamente com a parte artística da festa: músicos, grupos folclóricos, artesãos, costureiras e bailarinos.

A rede hoteleira tem ocupação de quase 80% do total de 5.700 camas, de acordo com o levantamento de 2012.

As atrações musicais incluem trios elétricos que tocam ritmos caribenhos como a salsa e a cumbia. Mas a principal atração da festa é a Batalha das Flores, desfile realizado há 111 anos, desde 1902.  

Em sua primeira edição, a batalha foi realizada para comemorar o fim da Guerra dos Mil Dias, a guerra civil colombiana.

De lá pra cá, a festa se aprimorou, mas a ideia original é mantida, com um desfile com a rainha do carnaval em um carro alegórico totalmente coberto por flores, seguido por outros carros igualmente decorados, que levam os príncipes e princesas do carnaval.

Outra tradição em Barranquilla são as chamadas comparsas, grupos folclóricos que dançam e representam personagens da história do país e da região e são equivalentes aos blocos brasileiros.

A marca barranquilheira é a irreverência, que inclui desfiles com máscaras de caricaturas gigantes de famosos, como a cantora Shakira, o líder cubano Fidel Castro, o presidente do país, Juan Manuel Santos e o seu equivalente venezuelano Hugo Chávez.

Para o professor Jorge Enrique Londoño, diretor do Instituto de Comunicação e Cultura da Universidade Nacional da Colômbia, o carnaval da cidade reflete o espírito da região, amplamente miscigenada.

“O carnaval de Barranquilla expressa a energia, a vitalidade e alegria do povo costeiro. Mas também há muita crítica, que satiriza os problemas do país. Em tudo isso, vemos a mistura indígena e dos afro-colombianos”, disse à Agência Brasil.

Mas, se em Barranquilla o carnaval atrai multidões, na capital Bogotá a festa acontece de maneira discreta. O carnaval de rua não é tradição na cidade, e a data é comemorada em restaurantes e casas noturnas.

Para Jorge Londoño, o desaparecimento do carnaval de Bogotá é um fenômeno que merece ser estudado. Segundo ele, a cidade realizou carnavais na época da independência do país, mas, depois, a tradição foi se perdendo.

“Bogotá recebeu muitos imigrantes e cresceu muito. Aqui a tradição se perdeu e simplesmente não sabemos por quê”, comentou. Ainda assim, quem participa costuma gostar do carnaval em Bogotá. A advogada peruana Silvana Gómez, 31, chegou à cidade no sábado (9) de Carnaval e foi a um carnavalito de um restaurante.

No local, atores simulam a festa em Barranquilla, com uma pequena comparsa, rainhas, personagens folclóricos e uma banda que toca cúmbia.  “Pelo o que vi aqui é excelente. E muito divertido: só de vê-los, a gente quer dançar e rir”, conta, empolgada a advogada.

Edição: Davi Oliveira

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