Morte e legado de Chávez dão o tom na campanha eleitoral venezuelana

14/03/2013 - 20h40

Leandra Felipe
Correspondente da Agência Brasil/ EBC

Bogotá – A morte recente de Hugo Chávez e seu legado têm dado o tom da campanha eleitoral na Venezuela. Conforme analistas consultados pela Agência Brasil, o discurso dois principais candidatos – Nicolás Maduro, presidente interino que tenta suceder Hugo Chávez, e o do oposicionista Henrique Capriles, atual governador de Miranda – é baseado na emoção do momento que o país vive. A eleição presidencial será no dia 14 de abril.

Do lado governista, as homenagens ao presidente morto, o destino que será dado a seu corpo e a escolha de Maduro pelo próprio Chávez para sucedê-lo, são os recursos mais usados, nove dias após o anúncio do falecimento de Chávez.

Na frente oposicionista, Capriles tenta construir um discurso crítico. Na sexta-feira (8), logo depois da posse de Maduro para o mandato provisório, o governador exigiu explicações sobre "fatos não esclarecidos” relativos à morte de Chávez e acusou o governo de mentir sobre a data do falecimento e de usar os funerais como “ferramenta política”.

No embate que gira em torno da morte de Chávez, o sociólogo venezuelano Amalio Belmonte diz que Capriles está em desvantagem. “Qualquer candidato que enfrentasse Maduro agora teria problemas. O sentimento de luto por Chávez é a força mais importante da situação agora.”

Segundo ele, mesmo que Maduro não tenha o carisma de Chávez, o governo conseguiu construir, até o momento, a ideia de que ele foi ungido por Chávez para continuar seu projeto. Nas ruas do país, isso é o que mais se escuta, tanto na fila dos que esperam para dar adeus ao presidente quanto nas propagandas políticas divulgadas.

Para Belmonte, Capriles enfrenta uma situação difícil. “Se não saísse candidato, perderia espaço dentro da dividida oposição do país. Saindo, ele continua na luta, mas sabe que não tem chance.”

Já o analista político Alberto Araguibel ressalta que contra Capriles estão os resultados dos 14 anos de governo de Chávez. “O projeto socialista de Chávez não morre com ele. A população sabe que, com outro candidato, o modelo criado pele chavismo, deixaria de ser o que é, não teria mais o foco baseado no bem-estar popular.”.

Belmonte, no entanto, discorda: “É cedo para dizer que Maduro conseguirá manter a coesão que Chávez mantinha no governo e que não terá problemas na execução dos programas deixados por ele. A única coisa que podemos afirmar agora é que o luto por Chávez é a força dessa campanha.”

Edição: Nádia Franco

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