Índios prometem resistir até o último minuto em defesa do antigo Museu do Índio

20/03/2013 - 22h29

Vladimir Platonow
Repórter da Agência Brasil

Rio de Janeiro – Os índios que ocupam desde 2006 o prédio do antigo Museu do Índio, ao lado do Estádio Jornalista Mário Filho, o Maracanã, prometem resistir até o último minuto em defesa do local, que eles consideram sagrado e pretendem transformar em um centro cultural.

A partir das 6h desta quinta-feira (21), forças policiais podem dar início à operação de retirada dos índios do imóvel para cumprir mandado de imissão de posse deferido pela Justiça Federal em benefício do governo fluminense, que comprou o prédio e deseja instalar no local um Museu Olímpico.

“Vai ter resistência. Nós vamos resistir. Tem muitos indígenas e estão chegando outros. Não existe legalidade nisso aí. Como é que se retiram índios de um local e realocam em outro, atropelando a Constituição federal? É tudo ilegal e imoral”, disse o líder indígena Urutau Guajajara.

Juntamente com cerca de 60 índios e representantes de movimentos sociais, Guajajara participou hoje (20) de rituais religiosos, intercalados por falas contra a possível ocupação da chamada Aldeia Maracanã por tropas policiais. No local estão crianças, mulheres e idosos.

O líder Guajajara considerou ainda que a desocupação do prédio será uma derrota para todos os índios do Brasil: “Vai ser muito ruim, muito frustrante, se nós perdermos este patrimônio para o capital. Será uma derrota moral não só para os povos indígenas, mas para toda a sociedade brasileira”.

Em volta de uma fogueira, índios de 20 etnias se revezaram em danças e cantos, pedindo a manutenção do prédio centenário, onde foi criado o Serviço de Proteção ao Índio, comandado pelo marechal Candido Rondon, e que depois transformado em Museu do Índio, que teve entre seus diretores o antropólogo Darcy Ribeiro.

Outra liderança indígena presente desde o início da ocupação do prédio, Dauá Puri pediu respeito não só aos índios, mas também ao patrimônio histórico nacional. “Este espaço é importante porque aqui nós temos a história do povo indígena. Este prédio é o registro da memória histórica do Brasil. É um patrimônio da cultura de nosso país”, disse.

A Secretaria de Estado de Assistência Social e Direitos Humanos informou, por meio de sua assessoria, que acompanhará o processo de desocupação e estará pronta para dar assistência aos índios, inclusive no transporte de seus pertences e possível alocação em um hotel reservado pelo governo, no centro da cidade. Segundo a secretaria, estão mantidas as propostas de criação de um centro de referência da cultura indígena, em local a ser definido, e de um conselho indígena para gerir o futuro centro.

 

Edição: Aécio Amado

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