Artistas pedem fortalecimento de políticas de combate à violência contra jovens negros

05/08/2013 - 17h11

Luana Lourenço, Heloísa Cristaldo e Mariana Tokarnia
Repórteres da Agência Brasil
 

Brasília – Artistas que representam a juventude negra e as periferias pediram hoje (5) à presidenta Dilma Rousseff o fortalecimento de políticas para enfrentar e combater a violência que atinge essa parcela da população, na qual se registra grande número de vítimas de homicídio.

A reivindicação foi apresentada em carta assinada por mais de 80 artistas, lida durante a cerimônia de sanção do Estatuto da Juventude pelo rapper e ativista do movimento negro Genival Oliveira Gonçalves, o Gog.

“A violência e a repressão experimentadas por alguns durante as manifestações de junho é o cotidiano da vida dos jovens da periferia, com uma diferença: a substituição das balas de borracha pelas balas de aço, de verdade”, comparou Gog.

No texto, os artistas também pedem a desmilitarização da polícia no Brasil e o fim do termo “auto de resistência” para registrar morte em confronto com a polícia. “No lugar de investimentos em armamentos e presídios, reivindicamos investimentos na construção de escolas, em saúde, em cultura”, sugeriu.

Segundo Gog, a população jovem e negra das periferias é a que mais sofre com a violência, inclusive policial. “A tortura e a repressão policial ainda são práticas no nosso país, e a juventude das periferias é quem mais sofre. Queremos ações de enfrentamento da violência contra a juventude negra”.

Durante o pequeno discurso, o rapper lembrou o ajudante de pedreiro Amarildo de Souza, desaparecido há mais de 20 dias após uma operação policial na comunidade da Rocinha. “Quantos Amarildos deixarão de existir? Quantos pais de família e pessoas que poderiam contribuir para o futuro do país teremos perdido?”, questionou.

Sancionado hoje, o Estatuto da Juventude compila direitos da população jovem, com idade entre 15 e 29 anos. O estatuto faz com que direitos já previstos em lei, como educação, trabalho, saúde e cultura sejam aprofundadas para atender necessidades específicas dessa faixa etária, que reúne cerca de 51 milhões de brasileiros.

Edição: Nádia Franco

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