Advogado sugere que Molina fale à comissão que investiga Saboia

09/09/2013 - 7h51

Renata Giraldi
Repórter da Agência Brasil

Brasília – O advogado Fernando Tibúrcio Peña, que defende o senador boliviano Roger Pinto Molina, que ficou 455 dias abrigado na Embaixada do Brasil na Bolívia, colocou o cliente dele à disposição da defesa do diplomata Eduardo Saboia para prestar esclarecimento à comissão de sindicância. Saboia coordenou a operação de retirada do parlamentar da representação brasileira em La Paz (Bolívia). A primeira audiência do diplomata na comissão está marcada para o dia 12, às 9h.

Tibúcio conversou ontem (8), por telefone, com o advogado Ophir Cavalcante Junior, que defende Saboia. “É importante que a comissão ouça o senador Pinto Molina porque o ministro [encarregado de Negócios do Brasil na Bolívia] se envolveu na questão por causa dele. É fundamental ouvi-lo para entender o que ocorreu ao longo do processo”, disse Tibúrcio à Agência Brasil

Saboia é alvo de investigações de uma comissão de sindicância, formada por dois embaixadores e um auditor da Receita Federal. O grupo apura as responsabilidades do diplomata na retirada de Pinto Molina da Embaixada do Brasil em La Paz. O ex-encarregado de Negócios é acusado de quebra de hierarquia. A defesa nega.

Paralelamente, a defesa de Pinto Molina reúne mais documentos que serão encaminhados ao Comitê Nacional para Refugiados (Conare), no Ministério da Justiça. Tibúrcio disse que aguarda a decisão do comitê sobre a concessão do status de refugiado e o pedido de asilo político ao parlamentar.

A defesa aguarda a chegada de documentos da Bolívia. Na semana passada, o advogado Luís Vásquez Villamor ficou retido por mais de seis horas no Aeroporto Internacional de Viru Viru, em Santa Cruz de la Sierra (Bolívia), ao tentar embarcar para o Brasil com os documentos de Pinto Molina.

O parlamentar foi retirado da Bolívia rumo ao Brasil em uma operação organizada por Saboia no último dia 22, desencadeando uma crise diplomática. O então chanceler Antonio Patriota foi substituído por Luiz Alberto Figueiredo Machado. Em junho de 2012, o Brasil concedeu asilo diplomático ao senador, mas o governo boliviano não deu o salvo-conduto para ele deixar o país.

No Brasil há 15 dias, Pinto Molina é classificado como um “delinquente comum” pelo governo boliviano. O senador nega as acusações relativas a desvios de recursos públicos e corrupção. No total, são mais de 20 processos. Na semana passada, esteve em Brasília uma missão boliviana de alto nível, formada por três ministros  integrantes do Ministério Público, que apresentou documentos ao Ministério da Justiça sobre os processos judiciais envolvendo Pinto Molina.

Edição: Graça Adjuto

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