Nenhum país pode negociar sua soberania, diz Dilma sobre espionagem

25/09/2013 - 19h16

Paulo Victor Chagas
Repórter da Agência Brasil

Brasília - A presidenta Dilma Rousseff voltou a comentar hoje (25), antes de embarcar de Nova York para o Brasil, as denúncias de espionagem envolvendo a violação de privacidade na comunicação de brasileiros, inclusive da própria presidenta e da Petrobras. Segundo Dilma, a resposta a ser dada pelo governo brasileiro depende das medidas que os Estados Unidos tomarão. “O que sempre colocamos é que era necessário primeiramente, para tratar do que tinha ocorrido, [um pedido de] desculpas. Segundo, para tratar do futuro, uma clara determinação de não acontecer [novamente]”, disse.

“Nenhum governo pode transigir com os direitos civis e com a privacidade da sua população nem tampouco negociar sua soberania”, ressaltou a presidenta, durante entrevista à imprensa. Apesar da posição de indignação, coerente com a adotada ontem (24) durante abertura da 68º Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Dilma declarou que a relação entre o Brasil e os EUA é estratégica e que ultrapassa essa questão.

“Como uma pessoa que ficou quatro meses em uma empresa privada tem dados sobre o Brasil, a minha pessoa, empresas brasileiras e cidadãos? Esta é a pergunta que eu acho que vai ter que ser esclarecida não só para o Brasil, mas para vários países, e nós aguardaremos”, disse, se referindo ao norte-americano Edward Snowden, responsável pelo vazamento das informações que originaram as denúncias. Snowden trabalhava para uma prestadora de serviços da Agência Nacional de Segurança (NSA, na sigla em inglês) dos EUA.

O motivo de ter recorrido à ONU para apresentar a reclamação também foi esclarecido por Dilma. Para a presidenta, o Brasil não defende interferência da ONU no sentido de controlar a internet. “Estamos pedindo: ONU, preserve a segurança, não deixe que a nova guerra se dê no mundo cibernético, com hackers e tudo”.

As declarações foram dadas antes de Dilma participar do seminário Oportunidades em Infraestrutura no Brasil, onde ressaltou a empresários norte-americanos que o Brasil precisa superar sua demanda por infraestrutura e que, para isso, o investimento privado é essencial.

Ao discriminar as propostas que estão sendo discutidas pelo Brasil para evitar o acesso de empresas e governos estrangeiros a dados brasileiros, Dilma citou a tramitação no Congresso do Marco Civil da Internet, cujo pedido de urgência foi feito por ela há duas semanas. “Uma das coisas que para nós vai ser muito importante é que os dados que dizem respeito ao Brasil sejam arquivados e mantidos em base de dados dentro do Brasil”, disse.

 

Edição: Aécio Amado

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