Conferência de paz para a Síria tem de contar com oposição crível, diz enviado da ONU

20/10/2013 - 14h21

Da Agência Lusa

Cairo - O enviado da Organização das Nações Unidas (ONU) e da Liga Árabe para a Síria, Lakhdar Brahimi, alertou hoje que a conferência de paz marcada para o próximo mês em Genebra só pode ocorrer com a presença de uma "oposição crível".

"A conferência não se realizará sem uma oposição crível, que represente um segmento importante da população que se opõe ao presidente Bashar Al Assad", disse ele aos jornalistas no Cairo.

As declarações de Brahimi foram feitas depois de ele se reunir com o secretário-geral da Liga Árabe, Nabil Al Arabi, no Cairo. Após o encontro, Arabi anunciou que a conferência ocorrerá em Genebra em 23 de novembro, mas reconheceu que ainda existem obstáculos à sua concretização, no momento em que governos ocidentais e árabes se preparam para um encontro quinta-feira (24) com os líderes da oposição síria, em uma tentativa de convencê-los a participar.

A oposição síria deverá decidir nesta semana sobre a sua participação na conferência, que visa a encontrar solução política para um conflito que já fez mais de 100 mil mortos desde 2011.

Brahimi preferiu não adiantar uma data para a conferência,informando que ela será anunciada ao final da rodada que começou no Cairo para preparar o encontro. O enviado da ONU disse aos jornalistas, após a reunião com Arabi, que passará pelo Catar, pela Turquia, pelo Irã e pela Síria, reunindo-se depois, em Genebra, com os representantes dos Estados Unidos e da Rússia.

A conferência de paz sobre a Síria Genebra 2 é uma iniciativa da Rússia, dos Estados Unidos e da ONU, com o objetivo de buscar uma solução política para a guerra civil por meio de negociações diretas entre o governo de Damasco e a oposição.

O conflito na Síria começou em março de 2011 quando o regime do presidente Bashar Al Assad reprimiu violentamente manifestações pela democracia no país, inspiradas nas revoltas da Primavera Árabe. Estima-se que mais de 115 mil pessoas tenham morrido no conflito, que já forçou milhões de pessoas a deixar o país como refugiados e deixou milhares bloqueadas no interior.