Tesouro capta US$ 3,2 bilhões no exterior com juros mais altos desde 2010

23/10/2013 - 20h42

 

Wellton Máximo
Repórter da Agência Brasil

Brasília – O Tesouro Nacional captou US$ 3,2 bilhões de investidores norte-americanos e europeus com taxa de juros de 4,305% ao ano – o maior valor para emissões no exterior em mais de três anos. O dinheiro veio da emissão de títulos da dívida externa com vencimento em janeiro de 2025, feita hoje (23).

O governo pega dinheiro emprestado dos investidores internacionais por meio do lançamento de títulos da dívida externa com o compromisso de devolver os recursos com juros. Isso significa que o Brasil devolverá o dinheiro daqui a dez anos com a correção acordada, ou seja, de 4,305% ao ano. A taxa é a maior registrada para papéis de dez anos desde julho de 2010, quando os juros tinham somado 4,547% ao ano.

Taxas menores de juros indicam menor grau de desconfiança dos investidores de que o Brasil não conseguirá pagar a dívida. De acordo com o governo, as condições atuais de mercado, ainda afetado pela turbulência financeira internacional, impactaram os juros. A taxa obtida hoje é quase 2 pontos percentuais superior aos menores juros da história para emissões externas, de 2,686% ao ano, obtida em uma emissão em setembro do ano passado.

A procura, informou o governo, foi maior que a oferta de títulos, mas os técnicos não divulgaram o valor exato. Além de vender títulos, o Tesouro recomprou papéis em poder dos investidores para melhorar o perfil da dívida pública externa e retirar de circulação títulos que pagavam juros mais altos. O órgão, no entanto, só divulgará amanhã (24) quanto do montante de US$ 3,2 bilhões foi pago com recursos novos e quanto foi comprado por meio da troca de títulos antigos.

A diferença em relação aos títulos do Tesouro americano foi a maior desde 2009, no auge da crise financeira internacional. A taxa do título brasileiro foi 180 pontos acima que a dos títulos norte-americanos de dez anos. Os bônus do governo dos Estados Unidos são considerados os papéis mais seguros do mundo. A proximidade da faixa também indica como os investidores avaliam o risco de calote do governo brasileiro.

O Tesouro pretende ofertar mais US$ 50 milhões ao mercado asiático nas próximas horas. O resultado final da emissão será anunciado amanhã (24) pela manhã. Os recursos captados no exterior serão incorporados às reservas internacionais do país em 1º de novembro.

A última vez que o Tesouro captou recursos no exterior ocorreu em maio deste ano. Na operação, o Tesouro Nacional vendeu de US$ 800 milhões em títulos. Os papéis, com vencimento em 5 de janeiro de 2023, tiveram taxa de retorno para o investidor de 2,75% ao ano, no segundo menor nível da história.

 

Edição: Aécio Amado

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