Fiocruz vai produzir vacinas exclusivamente para exportação, anuncia ministro da saúde

28/10/2013 - 14h29

Flávia Villela
Repórter da Agência Brasil

Rio de Janeiro – O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, anunciou hoje (28) uma parceria para a produção da vacina dupla contra rubéola e sarampo exclusivamente para exportação. O projeto inclui a construção de uma fábrica de vacinas e medicamentos do laboratório Bio-Manguinhos/Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) em Santa Cruz, na zona oeste da capital fluminense que custará ao ministério R$1,6 bilhão.

“Esta fábrica vai gerar emprego, renda, conhecimento, pesquisa e inovação tecnológica aqui no país, além disso vai exigir maior qualidade da produção nacional, o que fará com que as vacinas e outro medicamentos da Fiocruz tenham cada vez mais qualidade” comentou Padilha.

A previsão é que sejam exportadas 30 milhões de doses da vacina a partir de 2017, sobretudo para a África, pelo menor preço mundial, US$ 0,54. O anúncio foi feito durante o 9º Encontro Grand Challenges que reúne pesquisadores do mundo todo em um hotel do Rio de Janeiro para discutir soluções inovadoras e de impacto à saúde.

Parceira do projeto, a fundação norte-americana Bill & Melinda Gates, maior fundação filantrópica do mundo pertencente ao empresário Bill Gates, comprará as vacinas da Fiocruz para doá-las a países pobres. Além disso, a parceria prevê o investimento de US$1,1 milhão por parte da fundação para o desenvolvimento e a pesquisa clínica da vacina.

Padilha explicou que embora o Brasil já tenha erradicado a rubéola e o sarampo, a demanda mundial é muito forte. “Aproximadamente 150 mil pessoas morrem por ano em todo o mundo vítimas do sarampo. Ao produzirmos essa vacina podemos ocupar o mercado global, primeiro, com essa vacina e depois abrir as portas para outros tipos de vacinas produzidas aqui no Brasil”, disse.

Atualmente o Brasil exporta diferentes tipos de vacinas para 75 países. O Sistema Único de Saúde oferece 25 tipos de vacinas e 96% delas são de produção nacional. O presidente da Fiocruz, Paulo Gadelha, explicou que a nova planta vai quadruplicar a produção de vacinas no país.

“Vamos elevar nossa capacidade de produção que hoje é de cerca de 150 milhões de doses por ano de vacinas para 650 milhões de doses por ano”, explicou. O fato da  Fiocruz já produzir a tríplice viral MMR (caxumba, sarampo e rubéola) facilitará o desenvolvimento da nova formulação segundo ele. “Mas cada formulação é uma nova vacina e apresenta novos desafios. Então é um produto novo que será desenvolvido inteiramente com tecnologia e competência nacional que vai responder uma demanda central do ponto de vista mundial”. A tríplice viral não foi cogitada no acordo, pois a caxumba não é uma doença fatal na maioria dos países que hoje necessitam da vacina dupla contra a rubéola e o sarampo.

O presidente do programa Global Health da fundação, Trevor Mendel, explicou que atualmente um laboratório indiano é o único produtor deste tipo de vacina e que a parceria com o Brasil é fundamental para universalizar o acesso a essas vacinas. Cada dose de vacina hoje custa cerca de US$0,57, com previsão de aumento para os próximos anos.

Edição:  Valéria Aguiar
 

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