Empresas apostam em receita comercial e aumento de movimento em Confins e no Galeão

22/11/2013 - 17h17

Daniel Mello
Repórter da Agência Brasil

São Paulo – Os consórcios que arremataram hoje (22) os aeroportos do Galeão e de Confins esperam ter retorno do investimento aumentando a receita comercial e o número de passageiros. Chamaram a atenção os R$ 19 bilhões pagos pelo Consórcio Aeroportos do Futuro para administrar o Galeão, ágio de mais 293% sobre o valor mínimo (R$ 4,82 bilhões).

O terminal deverá agora ser administrado pela operadora comandada pelo grupo brasileiro Odebrecht em parceria com a Changi Aeroports, de Cingapura. Enquanto em Confins, a AeroBrasil ofereceu um ágio de 66,05% sobre o valor mínimo, fechando com R$ 1,82 bilhão.

Segundo o presidente da Odebrecht TransPort, Paulo Cesena, uma das vantagens do Galeão é a localização, que possibilita uma grande expansão das operações. “Há possibilidade de trazer hoje passageiros na casa dos 18 milhões por ano. O próprio governo está projetando até 60 milhões [até 2038] e nós acreditamos que podemos ir muito além disso, na medida em que temos um espaço enorme de crescimento de terminais, a construção de uma nova pista independente”, ressaltou em entrevista na Bolsa de Valores de São Paulo, onde ocorreu o leilão. A previsão é que os investimentos no aeroporto sejam cerca de R$ 5 bilhões.

Além do aumento da lucratividade com o número de passageiros, Cesena destacou a importância das atividades comerciais que, na sua avaliação, deverão crescer substancialmente no terminal, a exemplo do que o parceiro desenvolve em Cigapura. “Toda a ideia por trás dos aeroportos que nós fazemos é proporcionar uma experiência mais positiva, relaxante e amigável possível”, ressaltou o presidente da Changi Aeroports, Lim Song, sobre como o aeroporto deverá ganhar acessórios que não estão diretamente ligados ao transporte aéreo.

O diretor de Novos Negócios do grupo CCR, Leonardo Viana, explicou que o grupo brasileiro também deverá se aproveitar da experiência dos parceiros alemães e suíços, que administram os terminais de Munique e Zurique, respectivamente, para obter ganhos adicionais em Confins. “A gente vê pelos nossos parceiros operadores que os aeroportos hoje são grandes shoppings, onde você tem muitas oportunidades de gerar receitas comerciais”, destacou.

Viana acrescentou que o consórcio também pretende disputar espaço com o Galeão e com Guarulhos (SP) como rota para voos internacionais. “Os mineiros não irão mais viajar pelo Rio e por São Paulo”, brincou sobre como será aplicada parte dos R$ 3 bilhões de investimentos previstos para o terminal, que deverá ter uma nova pista até 2020. Além do transporte de passageiros, Confins também deverá ampliar as atividades com cargas.

O presidente da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), Marcelo Guaranys, aproveitou a explanação de Viana para destacar como a concessão dos aeroportos para grupos diferentes tende a beneficiar os consumidores. “Acabamos de ver um dos exemplos do que a gente quer: concorrência nos aeroportos, mesmo depois do leilão. Temos agora seis grandes operadoras de aeroportos no Brasil concorrendo para atrair negócios para os seus aeroportos”, pontuou.

Juntos, os dois aeroportos movimentam atualmente 14% do total de passageiros do país, 10% da carga e 12% das aeronaves do tráfego aéreo brasileiro. Passam pelo Galeão cerca de 17,5 milhões de passageiros por ano. O prazo de concessão será 25 anos, podendo ser prorrogado uma vez, por cinco anos.

Em relação a Confins o prazo de concessão será 30 anos, também com possibilidade de prorrogação por cinco anos. Atualmente, o movimento é 10,4 milhões de passageiros por ano, e ao fim da concessão, a expectativa é 43 milhões de passageiros utilizando o aeroporto anualmente.

Edição: Marcos Chagas

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