Oposição apresenta moção de censura ao governo da Ucrânia

03/12/2013 - 10h32

Carolina Sarres
Repórter da Agência Brasil *

Brasília – Milhares de manifestantes estão concentrados hoje (3) em frente ao Parlamento ucraniano, que deverá se pronunciar sobre uma moção de censura ao governo devido ao adiamento da assinatura do acordo de associação do país à União Europeia, esperada para semana passada. No local, na capital Kiev, milhares de agentes antimotim estão posicionados para responder a eventuais atos de violência. A moção de censura será apresentada pela oposição ao governo do primeiro-ministro Mykola Azarov. A justificativa da moção é a "traição ao povo da Ucrânia".

Moção de censura é uma proposta no sistema parlamentarista em que, se não houver apoio dos membros, o governo – no caso o primeiro-ministro – tem de renunciar, sendo necessária a eleição de um novo representante. Em alguns casos, o Parlamento pode ser dissolvido e novas eleições, convocadas.

A sessão de hoje do parlamento ucraniano teve início com a presença de 411 deputados, mas ainda não foram feitos os discursos. O líder do partido da situação Regions (Regiões, em português), Aleksander Yefremov, informou que o partido não pretende votar a proposta de censura nesta terça-feira. "Eu não tenho informação de que alguém da facção vai apoiar essa moção", disse o líder.

O projeto de moção conta com a assinatura dos líderes de três forças da oposição: Arseni Yastseniuk, do Batkivschina (Pátria, em português); Vitali Klitschko, do Udar (Golpe, em português), e Oleg Tiagnibok, Svoboda (Liberdade, em português). A oposição pede a renúncia do governo e a responsabilização das autoridades pelo colapso econômico do país. O primeiro-ministro ucraniano chegou a dizer que a oposição está conduzindo um golpe de Estado.

Na semana passada, o governo ucraniano rejeitou a assinatura de um acordo que viabilizaria a adesão do país à União Europeia, o que gerou protestos da população, que organizou manifestações ao longo de toda a semana passada – que têm sido vistas como as maiores desde a Revolução Laranja, em 2004, quando a população pediu o fim da corrupção e de fraudes eleitorais. O adiamento da entrada da Ucrânia à União Europeia teria sido motivado pela resposta insatisfatória do bloco europeu à crise econômica na Ucrânia e pela reação negativa da tradicional parceira, a Rússia, à aproximação do país vizinho da Europa.

Ontem (2), os manifestantes acamparam na Praça da Independência, na capital, depois de violentos confrontos com a polícia no fim de semana, e pediram a antecipação das eleições presidenciais. Os confrontos de sábado (30) e domingo (1º) deixaram mais de 150 feridos e levaram à demissão do chefe de polícia de Kiev. Depois do ocorrido, uma ordem judicial proibiu manifestações na Praça da Independência e em suas imediações até 7 de janeiro. Ainda assim, a oposição continua a organizar os protestos.

O secretário de Comunicação do governo, Vitaly Lukyanenk, informou que ainda não havia sido considerada a possibilidade de declarar situação de emergência no país.
 

*Com informações da Agência Lusa e da Itar Tass   //   Edição: Denise Griesinger
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