Tecnologia tem auxiliado país na recuperação de recursos desviados

Publicado em 31/10/2014 - 15:30 Por Ivan Richard - Repórter da Agência Brasil - Brasília

A tecnologia tem sido uma aliada das autoridades brasileiras, nos últimos anos, no combate às organizações criminosas. Se no passado a preocupação era identificar provas contra os autores dos crimes, atualmente busca-se também encontrar e asfixiar a fonte de financiamento por meio da utilização de softwares instalados em laboratório de tecnologia contra lavagem de dinheiro.

A utilização desses programas, com capacidade para analisar grandes volumes de informações, permitiu ao país, de 2006 até os dias atuais, a identificação de aproximadamente R$ 21,4 bilhões de recursos com indícios de ilicitude. A Rede Nacional de Laboratórios de Tecnologia conta com 26 unidades, sendo que a mais recente delas foi inaugurada hoje (31), em Brasília.

“Esses laboratórios trazem ferramentas que permitem as autoridades, por meio dos dados já conhecidos, como quebra de sigilo bancário, fiscal ou qualquer dado, fazerem o cruzamento das informações, como a identificação e o bloqueio de recursos da organização criminosa. O combate ao crime organizado além de buscar a prisão do criminoso, efetua a retirada dos bens da organização. Com isso, ela não terá mais dinheiro para continuar delinquindo”, explicou à Agência Brasil o diretor do Departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação Jurídica Internacional do Ministério da Justiça, Ricardo Saad.

Segundo ele, essa mudança na estratégia tem sido amplamente discutida e propagada em fóruns internacionais. “Desde as últimas convenções da Organização das Nações Unidas, o combate ao crime organizado passa pela retirada da capacidade financeira das organizações. O fato é que antes desses laboratórios, as autoridades brasileiras tinham pouco conhecimento para fazer a análise de dados [financeiros]. Se buscava prender o criminoso, mas não tirar, de fato, o patrimônio”, acrescentou Saad.

Para o Secretário Nacional de Justiça, Paulo Abrão, além de otimizar a utilização de recursos humanos, já que com os sistemas informatizados é possível reduzir os agentes na análise de dados, os laboratórios geram informações mais precisas. “Na medida que temos ferramentas que nos dão dados e geram relatórios de muitíssima precisão, a possibilidade de erro humano diminui e isso tem como resultado final a diminuição das possibilidade de impunidade e a anulação da investigação”, frisou.

Com a recuperação de recursos desviados e o sequestro de bens obtidos de maneira ilícita, destacou a secretária Nacional de Segurança Pública, Regina Mink, é possível diminuir a sensação de impunidade no país.

“Recentemente, tivemos a notícia de que o dinheiro desviado por um político de São Paulo servirá para a construção de creches. É isto que a sociedade quer ver. Às vezes, a punição da perda de mandato e o impedimento de se eleger por oito anos é muito vago para a população. Mas ao ver uma obra erguida com o dinheiro recuperado, traz para a comunidade, concretamente, [o cumprimento] da pena, que nós enquanto Estado estamos dando resposta ao crime”, disse Mink.

Edição: Valéria Aguiar

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