Programa mundial dará bolsa a sete cientistas brasileiras este ano

Publicado em 11/03/2015 - 16:18 Por Alana Gandra - Repórter da Agência Brasil - Rio de Janeiro

Já estão abertas as inscrições para o Prêmio L'Oréal-Unesco-ABC Para Mulheres na Ciência no Brasil, que dará a sete cientistas brasileiras bolsa-auxílio de US$ 20 mil (ou cerca de R$ 62 mil) cada. Este é o único programa brasileiro de prêmios voltado exclusivamente para mulheres cientistas, e completa dez edições este ano. A iniciativa é patrocinada pela fundação francesa e conta com parcerias da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) e da Academia Brasileira de Ciências (ABC).

O presidente da ABC, professor Jacob Palis, disse que o prêmio é um grande incentivo à mulher cientista. “É uma disputa saudável, muito boa. Temos muitos processos aplicados para ganhar esse prêmio”, afirmou Palis. Para ele, será uma escolha difícil, porque a ciência no Brasil está avançando de forma significativa. “[Avança], em particular, o papel da mulher na ciência. Para a ABC, é uma satisfação promover a mulher na ciência”.

Desde que foi instituída no país, atendendo à sugestão da ABC, a iniciativa premiou 61 cientistas brasileiras de todas as regiões. No ano passado, mais de 300 projetos foram inscritos. Os prêmios são distribuídos em áreas diversas como física, matemática, biologia, ciências médicas e astronomia. “Algumas delas ganham o Prêmio L'Oréal-Unesco por regiões”, destacou Jacob Palis.

Lançada em 1998, a premiação global For Women in Science contempla anualmente cinco notáveis pesquisadoras, uma por continente. Seis brasileiras já foram incluídas entre as melhores cientistas internacionais:  Mayana Zatz (genética), em 2001; Lucia Previato (microbiologia), em 2004; Belita Koiller (física), em 2005; Beatriz Barbuy (astrofísica), em 2009; Marcia Barbosa (física), em 2013; e Thaisa Bergmann (astronomia), em 2014. O grande número de projetos apresentados a cada ano fez crescer o total de cientistas premiadas, explicou Palis.

Segundo o presidente da ABC, o prêmio é positivo por permitir que as cientistas deem continuidade a suas pesquisas. “A ciência precisa ser mais valorizada no Brasil. Para a sociedade, é um benefício ter uma ciência de ponta em todos os setores.” Palis disse que, às vezes, o benefício das pesquisas pode ser sentido de modo mais direto – caso da área médica –, mas mesmo as pesquisas indiretas acabam influenciando o todo – caso da matemática. O professor reiterou que não há outro caminho para crescimento saudável e justo sem uma boa ciência por trás.

O coordenador de Ciências Naturais da Unesco no Brasil, Ary Mergulhão, reforçou que o objetivo do prêmio é estimular a mulher a participar do mundo científico. Isso varia de país para país, dependendo do desenvolvimento da comunidade científica local. “Podemos dividir a influência desse prêmio em duas grandes linhas: fazer mulheres participarem da ciência e reconhecer o trabalho que mulheres cientistas já desenvolvem”, disse Mergulhão. Para ele, o Brasil está em um caminho muito claro neste sentido.

Mergulhão destacou que há quase um equilíbrio entre mulheres e homens cientistas no Brasil. Segundo ele, o desafio é fazer com que as mulheres não abandonem a carreira científic. "E este prêmio tenta contribuir para isso.” O problema é que, com o decorrer da vida profissional e, muitas vezes, por influência da vida familiar, as mulheres tendem a deixar a carreira científica, ressaltou.

“O que queremos com esse tipo de iniciativa é motivar as mulheres a continuar na carreira científica e aprimorar, sobretudo, a qualidade do trabalho científico que desenvolvem”, disse Mergulhão. Para ele, o Brasil tem, atualmente, participação destacada no mundo em termos de trabalhos científicos publicados em revistas especializadas. “O Brasil já ocupa um espaço bastante significativo.”

As inscrições para o Prêmio L'Oréal-Unesco-ABC podem ser feitas até 31 de maio, na página criada especialmente para celebrar os dez anos do programa. As ganhadoras da bolsa serão conhecidas em agosto e os prêmios, entregues em outubro.


Fonte: Programa mundial dará bolsas a sete cientistas brasileiras este ano

Edição: Stênio Ribeiro

Últimas notícias