Reunião da SBPC termina com mais de 11 mil participantes

Publicado em 22/07/2017 - 17:23 Por Léo Rodrigues - Correspondente da Agência Brasil - Belo Horizonte

Mais de 11 mil pessoas participaram da 69ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), que terminou hoje (22), em Belo Horizonte, . Deste total, se inscreveram 6.439 participantes, provenientes de 501 municípios distribuídos dos 26 estados e do Distrito Federal. A inscrição só era obrigatória para apresentação de pôsteres e matrícula em mini-cursos.

A Reunião Anual da SBPC tem como objetivo debater políticas públicas e difundir os avanços da ciência nas diversas áreas do conhecimento. Trata-se do maior evento científico do Hemisfério sul.

SBPC reuniu em cientistas e jovens de todo o país em Belo Horizonte

SBPC reuniu em cientistas e jovens de todo o país em Belo HorizonteLéo Rodrigues/Agência Brasil

Esta edição teve como tema Inovação – Diversidade – Transformações e sua programação ocorreu ao longo de toda a semana no campus da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), em Belo Horizonte. Na programação, 69 conferências, 82 mesas-redondas e 55 minicursos, além de assembleias, reuniões de trabalhos, apresentação de pôsteres científicos e outras atividades.

Ao longo do evento, o físico Ildeu de Castro Moreira assumiu a presidência da SBPC em substituição à bióloga Helena Nader, que estava a frente da entidade desde 2011. Ildeu faz uma avaliação positiva da reunião. "Tivemos uma participação intensa e discussões muito interessantes sobre ciência, educação e cultura. E também assuntos específicos como a nanotecnologia e a saúde. E também muita discussão sobre quais os rumos que o Brasil deve adotar num momento de gravidade na economia e na política."

A SBPC aprovou moções a favor da convocação de eleições diretas e da reposição orçamentária do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC). A entidade também se posicionou em defesa da revogação da Emenda Constitucional 95, que fixou no ano passado um teto para os gastos públicos no país pelos próximos 20 anos.

Na entrada da UFMG foi fixado um "tesourômetro", equipamento criado pela SBPC que pretende medir as perdas financeiras para ciência desde 2015, considerando os cortes nos orçamentos do MCTIC, das universidades federais e da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes). Segundo os idealizadores da medida, a pesquisa brasileira vem tendo uma perda média de R$ 500 mil por hora em recursos federais com a crise financeira. Desde o início do ano, o governo federal contingenciou recursos de várias áreas por causa do ajuste fiscal.

De acordo com Ildeu Moreira, os efeitos devem ser mais sentidos a longo prazo. "Nós estamos tendo evasão de cérebros do país. O risco é termos projetos descontinuados e de pesquisadores irem para o exterior e não retornarem mais. Alguns já foram", afirma. No entanto, ele diz que sai da reunião com otimismo. "Toda esta movimentação dos cientistas nos dá esperança. Agora vamos dar continuidade às nossas ações no Congresso e ampliar as mobilizações para convencer os deputados a reverem algumas medidas. Esse diálogo com o Parlamento é importante, para chegarmos na próxima edição deste evento com um quadro mais favorável". A 70º Reunião Anual da SBPC, que ocorrerá no ano que vem, será realizada na Universidade Federal de Alagoas (UFAL), em Maceió.

Pós-graduação

A presidenta da Associação Nacional de Pós-Graduandos (ANPG), Tamara Naíz, também fez um balanço positivo do evento. Dentro da programação da Reunião Anual da SBPC, foi realizado o 5º Salão Nacional de Divulgação Científica, debateu o impacto da ciência na sociedade. "Nós defendemos que a ciência que não esteja encastelada apenas nas prateleiras das bibliotecas, mas que seja capaz de intervir na realidade e se traduza em transformações e em bem-estar social. Tanto a reunião da SBPC quanto o nosso salão apontaram nessa direção", disse.

Doutoranda em história econômica da Universidade Federal de Goiás (UFG), Tamara também manifestou preocupação com o atual cenário. Segundo ela, o Brasil está investindo na ciência menos que países mais pobres. "Isso leva a uma desconstrução do futuro. Na ciência não tem tempo parado. Se cortarmos recursos hoje, mesmo que exista investimento no ano que vem as coisas não se mantêm. Como dizem os chineses, é preciso transformar a crise em oportunidades. É o momento de pensar saídas. E não faz sentido responder a uma crise cortando as nossas possibilidades de futuro", avalia.

Edição: Carolina Pimentel

Últimas notícias