Bem-estar e inclusão crescem apesar de problemas na economia, diz novo ministro

Publicado em 05/05/2014 - 22:49 Por Paulo Victor Chagas – Repórter da Agência Brasil - Brasília

“O Brasil dos brasileiros tem melhorado mais que o Brasil dos economistas”. Esta foi a avaliação do novo ministro da Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência, Marcelo Neri, ao final da palestra ministrada à presidenta Dilma Rousseff e a outros 20 ministros, nesta tarde, no Palácio do Planalto. Comandantes de pastas como Educação, Saúde e Desenvolvimento Social e Combate à Fome, dentre outras, participaram do encontro.

Utilizando metodologias que levam em conta, além do crescimento econômico, fatores como a distribuição de renda, a manutenção do padrão de vida, a renda domiciliar e a percepção das pessoas sobre a qualidade de vida, a apresentação feita por Marcelo Neri destacou que, apesar da desaceleração da economia, a desigualdade social continua caindo.

Após apresentar dados econômico-sociais dos últimos dez anos e três meses, o ministro concluiu que, embora o país enfrente problemas e desafios, os últimos anos revelam uma forte transformação social. Segundo Neri, o índice de Gini, que mede a desigualdade de renda, caiu de 0,64 para 0,55 entre 2002 e 2014. Quanto mais próximo de 0 está o indicador, menor é a desigualdade.

Depois do encontro, o ministro declarou a jornalistas que não tem havido, no Brasil, relação direta entre o desempenho da economia e o mercado de trabalho. Segundo ele, não é possível prever se o “descolamento” vai continuar se distanciando, nem se o mercado de trabalho tende a ser puxado para baixo ou se o crescimento da economia tende a aumentar.

“A maioria das pessoas acha que o PIB [Produto Interno Bruto, soma dos bens e serviços produzidos no país] é a variável-chave que vai guiar [o bem-estar social]. O Brasil tem desafiado esse prognóstico”, disse Neri. Para ele, as projeções sobre o futuro “são incertas e têm desapontado pessoas”.

Apesar de admitir que o crescimento menor da renda nos seis primeiros meses de 2013 pode ter sido uma das causas das manifestações de junho do ano passado, o ministro disse que esse é um fenômeno “muito complexo” e de “múltiplas dimensões”. Ele citou as conexões por meio das redes sociais como fator que influenciaram os protestos.

“A economia, principalmente a que importa mais às pessoas, que é o dinheiro no bolso, o trabalho, o poder de compra da renda das pessoas, de fato teve esse tropeço no primeiro e no segundo trimestre do ano passado. Os dados mostram isso com clareza. Isso em parte capta o efeito inflação. A renda real cresceu menos porque a inflação se acelerou naquele período”, explicou.

Efetivado hoje (5) como titular da Secretaria de Assuntos Estratégicos, Marcelo Neri disse que os atuais dados do mercado financeiro não estão incorretos, mas são incompletos. Segundo ele, as avaliações do setor financeiro não levam em conta outras medidas de crescimento para medir o bem-estar da sociedade.

“Se o seu objetivo é tentar medir como é que vai a vida das pessoas, de fato, acho que é uma análise incompleta. Não tenho dúvida de que para o João [cidadão médio], o que importa mais é a renda ”, declarou, depois de explicar que a renda que mais cresce no Brasil é a das pessoas não tão ricas nem tão pobres.

Presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) desde março de 2013, Neri disse que a ida para a Secretaria de Assuntos Estratégicos tinha sido decidida pela presidenta Dilma no final de 2013. Segundo ele, o erro na divulgação da pesquisa "Tolerância Social à Violência contra as Mulheres", do Ipea, no mês passado, fez apenas com que a nomeação fosse adiada. Em seu lugar, na presidência do Ipea, assume o chefe de gabinete Sergei Soares, técnico de Planejamento e Pesquisa do instituto desde 1998.

Edição: Wellton Máximo

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